Os 46 anos da Revolução dos Cravos vão ser assinalados de Norte a Sul do país sobretudo em banda larga e cerimónias presenciais mínimas. Autarcas querem dar exemplo de boas práticas em tempos de pandemia, mas poucos se atrevem a condenar a comemoração da data que derrubou o Estado Novo na Assembleia da República.
“Esquecer o 25 de Abril nunca”, dizem os autarcas locais independentemente da cor política, mas, em tempos de isolamento social e estado de emergência, as celebrações da data primordial da democracia vão ficar confinadas às plataformas digitais e redes sociais dos municípios. Este sábado, as poucas comemorações presenciais previstas por todo o país cingem-se ao hastear da bandeira e som gravado do hino nacional, além de breves discursos dos presidentes de câmaras e assembleias municipais, sempre sem aglomerações.
Apesar do aviso do primeiro-ministro, António Costa – de que a democracia não está suspensa – o primeiro sinal de que este seria um 25 de Abril diferente chegou de Guimarães, quando o presidente da câmara, Domingos Bragança, comunicou um programa de festas preenchido mas distante da população.
“Tenho a certeza que fazemos bem em celebrar a Revolução dos Cravos cumprindo as regras de distanciamento social, cada um em sua casa”, assegura autarca, que prefere manter-se alheio à polémica gerada pela cerimónia na Assembleia da República (a qual Ferro Rodrigues diz que seria “completamente estúpido” fechar numa das datas mais importantes do Parlamento). Com o mote ‘Abril com Cantigas de Maio’ , a interação com os vimaranenses acontecerá através do Facebook e terá por pontos altos o concerto em live streaming ‘Outros Palcos, Mais Liberdade’, da Banda Musical de Pevidém e Coros de Guimarães, a gravar em local aberto “com todas as medidas de segurança, incluindo máscaras e luvas”. Às 00h20, nas redes sociais do municípios será transmitida a ‘Grândola Vila Morena’, de Zeca Afonso.
Domingos Bragança ainda convida os vimaranenses a enviarem para o sítio da autarquia uma frase, um vídeo, uma música ou um desenho, acompanhadas de um cravo do jardim ou desenhado, que simbolize a vontade de “voltar a sentir a liberdade” no pós-confinamento.