Criado por Bruno Matos, artista autodidata de banda-desenhada, o super-herói tem sua origem em 1498 quando a armada de Vasco da Gama chega à Índia, depois de ultrapassar o Cabo das Tormentas e de vencer o Adamastor, glorificando o passado ilustre da força marítima portuguesa.
Com um estilo marcante dos comics de super-heróis norte-americanos e com influência direta ao estilo gráfico dos anos 90, marcados pelo surgimento da editora Image. Lusitano é a fusão de duas pessoas, Bartolomeu Silva, lisboeta marinheiro nascido em 1470 e do artista freelancer Daniel Santos, que perdeu o pai, injustamente assassinado, e tem sede de vingança.
O histórico marinheiro virou energia após um combate com um estranho ser futurista que tenta matar Vasco da Gama e depois de séculos vagando sem forma se funde misteriosamente ao moderno artista. Juntos começam a lutar contra o Viajante, vilão que possui a tecnologia da empresa Cyberwolf controlada pelo enigmático e assustador Ra-Magul, onde trabalha Fred, o cientista e pesquisador amigo do herói.
Conheça um pouco mais do simpático criador na entrevista exclusiva para o jornal Voz de Portugal.
De onde tirou a ideia para criar O Lusitano?
Bruno – Eu sempre gostei muito de ler comics americanos, e senti a falta de um super-herói português. A banda desenhada na Europa não é muito orientada para o super-herói e eu sabia que possivelmente o Lusitano não seria muito bem recebido, mas às vezes temos de nadar contra a corrente e o Lusitano resistiu ao longo dos anos até chegar à sua edição virtual e posteriormente em papel.
Quais suas influências profissionais?
Bruno – Inicialmente eu era apaixonado pela arte dos irmãos Buscema, mais a do John do que a do Sal, mas o meu grande influenciador foi o John Byrne. Outros nomes que posso destacar sem hesitar é o do Jim Lee, o brasileiro Deodato e o Silvestri, mas entretanto novos autores têm surgido, até mesmo alguns portugueses como o Jorge Coelho e o Miguel Mendonça que já conquistaram o seu espaço.
Lusitano é o primeiro grande super-herói português? Se não, quais são os personagens anteriores a ele?
Bruno – Eu acho que dentro do conceito de alguém que ganha superpoderes e combate o crime o Lusitano é mesmo o primeiro, sem me esquecer de outros heróis que surgiram antes dele mas que não tinham poderes. Podem também ter surgido alguns com poderes mas num registo de paródia… Super-herói “a sério”, com uma origem associada ao país e com poderes fantásticos acho mesmo que foi o primeiro.
Qual o futuro do Lusitano?
Bruno – O meu grande sonho sempre foi ver o Lusitano publicado em papel, pelo menos a sua origem. Depois de publicá-lo durante anos num webcomic, consegui os fundos necessários através do crowdfunding e vi o meu sonho de criança ser realizado. Ainda me vejo a fazer o Lusitano ao longo dos anos, mas a um outro ritmo. O que quero agora é team-ups, ver outros autores pegarem no Lusitano e fazê-lo cruzar-se com os seus personagens, incentivar histórias alternativas do herói com argumentos e arte feitas em colaboração e deixar o Lusitano ganhar asas. E deixar uma mensagem que nunca deixem de acreditar nos vossos sonhos.
Apuramos que o Lusitano estará participando como convidado num “crossovers além-mar” na B.D. Legião Secreta 2 do Projeto Chroma criado por Thiago Silva e também fará parte de um novo grupo de heróis lusófonos.
Escrito por Daniel Vardi