Já tive oportunidade de escrever sobre o Telescópio Espacial Hubble. A ideia era antiga, o primeiro o astrônomo a defender a ideia foi Lyman Spitzer, em 1946, pois o espaço tem grandes vantagens sobre dois problemas: primeiro, no vácuo não há a turbulência da atmosfera que provoca a cintilação das estrelas e que deforma a visão, segundo, a luz infravermelha e ultravioleta são absorvidas pela atmosfera e isso não ocorre no vácuo.
Em julho último, a NASA anunciou o incrível retorno do Telescópio Espacial Hubble à operação normal, reiniciando a coleta de dados científicos. No dia 13 de junho último, o computador do telescópio apresentou problemas fazendo o satélite entrar no modo de emergência, em que somente os instrumentos necessários ficam ligados, ou seja, as operações científicas pararam de funcionar.
A equipe conseguiu localizar a causa do problema do computador, um módulo de energia não estava fornecendo uma tensão estável. Foram feitas muitas tentativas de usar os módulos de reserva, as redundâncias, mas o problema foi resolvido em 15 de julho depois que todo o sistema principal foi desligado e o de reserva ligado. Isso deve dar uma boa sobrevida ao satélite telescópio que já passou em muito o tempo de vida previsto que era de quatro anos e meio. Em abril, o Hubble completou 31 anos em órbita.
Este enorme telescópio espacial veria os confins do universo, até mesmo o Big Bang. Dessa forma, homenagear Edwin Powell Hubble foi natural, já que ele foi o astrônomo que do telescópio instalado no Monte Wilson, descobriu que as nebulosas eram galáxias e que se afastavam umas das outras, primeira evidência do Big Bang.
A NASA construiu o Telescópio Espacial Hubble para observar a luz visível e infravermelha. Foi lançado em 24 de abril de 1990, pelo Ônibus espacial Discovery. E em todos esses anos fez mais de 1,5 milhão de fotos e produziu mais de 18.000 artigos científicos (papers) publicados com seus dados.
O Hubble contribuiu para algumas das descobertas mais significativas da astronomia recente, incluindo a expansão acelerada do Universo, a evolução das galáxias e os primeiros estudos atmosféricos de planetas além do nosso Sistema Solar. Logo que começou a operar, apresentou diversos problemas, assim, a primeira missão de reparo aconteceu com a missão do ônibus espacial Endeavour, em dezembro de 1993, que instalou vários equipamentos, incluindo o computador que falhava quando passa sobre o Brasil, por causa da anomalia magnética.
Houve ainda duas missões de reparo feita pelo Discovery em fevereiro de 1997 e em dezembro de 1999, mais outra pelo Columbia em março de 2002 e, a última, pelo Atlantis em maio de 2009 que instalou equipamentos mais precisos e que tornou o telescópio 90 vezes mais poderoso.
Como a NASA não possui mais naves capazes de consertar o Hubble, as falhas dos equipamentos principais são substituídos pelos redundantes instalados no telescópio espacial, mas quando algum redundante essencial falhar, nada mais poderá ser feito. Alguns novos problemas surgiram, mas a NASA está confiante que o Hubble ainda fará observações inovadoras.