As nove ilhas dos Açores cuja história vamos contar, foram formadas por ação de vulcões gerados no fundo do oceano, há milhões de anos e que, em fases sucessivas lançando lavas e cinzas, acabaram por vir a superfície.
Depois os seculos foram passando e a natureza foi cobrindo esses montes pedregosos e cinzentos de terra trazida pelo ar e pelo mar que lhes juntou também sementes de várias plantas, algumas delas só existentes nas nossas ilhas. Mais tarde, vieram os animais anfíbios, como as focas, ou lobos do mar, garças, cagarros, milhafres, corvos-marinhos, etc.
E passaram-se anos e anos sem que ninguém soubesse que estas ilhas existiam. Lendas antigas falavam num continente A Atlântida, que existiria entre a Europa e a América e que teria desaparecido com o diluvio, ficando de fora de água apenas as altas montanhas que seriam afinal as atuais ilhas dos Açores, Madeira e Canarias. Mas é claro, são lendas porque a moderna vulcanologia demonstra que no local dos Açores nunca existiu qualquer continente, a própria ilha de Sta. Maria, apesar de ter depósitos sedimentares, foi sempre vulcânica e de idade muito recente para os geólogos.
Muito antes de jesus Cristo ter nascido, há milhares de anos, portanto, havia um povo de navegadores corajosos e destemidos. Eram os Fenícios. Nós não sabemos se eles terão alguma vez tocado nos Açores com os seus barcos de vela e remo. Porem há alguns anos, encontraram-se na mais ocidental das ilhas açorianas, moedas que pertenceram aos Fenícios. Terão eles deixado ali essas moedas ou foram os Portugueses mais tarde, quem as levou, perdendo-se, portanto, o segredo da sua origem? Eis outra duvida que, se calhar, jamais saberemos resolver.
De qualquer modo, os Açores só foram cientificamente descobertos por nos catorze seculos depois de Jesus Cristo. Reinava em Portugal El-Rei D. João I, o de boa memoria. Ganhara-se a guerra aos castelhanos e um dos seus filhos, o infante D. Henrique, homem genial e um dos maiores vultos da humanidade, determinara-se a descobrir, pelo mar, novos mundos. Nesse tempo o mar era um mistério que metia medo, era o mar tenebroso.
Os Portugueses eram homens do mar. Os árabes e os judeus que com eles viviam ensinaram-lhes a matemática, a navegação científica, o trabalho com aparelhos de navegação ao largo, a bussola, o quadrante, a balestilha e o astrolábio, e a astronomia, que permitia aos mareantes guiar-se pelas estrelas e portanto, longe de terra.
EXTRATO DA HISTÓRIA DOS AÇORES.