Tudo começou num domingo de dezembro de 2017, quando ao fim da missa, na Missão N. S. de Fátima de Laval, fui abordado por um Sr. Mário (aquele que toca a sineta na missa, no momento da consagração) que me perguntou porque não me candidatava para membro do Conselho Económico, em plena campanha de recrutamento nessa altura, devido ao facto de alguns membros estarem de saída por terem completado o mandado para o qual tinham sido eleitos, mandado esse que se terminava a 31 de dezembro e havia uma certa dificuldade em arranjar novos membros .
O Mário esperava a minha reacção e sem mais espera, respondi-lhe que era coisa que nunca pensei fazer e pelo momento não estava interessado, pois não sentia que poderia ser de ajuda alguma para a Missão. Mesmo assim arrisquei fazer-lhe uma pergunta: Você que tem experiência, diga-me em que consiste ser membro do Concelho Económico? “Bem… o grupo reune-se uma vez por mês, uma hora ou duas , para discutir de coisas relacionadas com a Missão e do Centro, nada de complicado”. A nossa conversa não foi mais longe. Avistei, ainda na igreja um amigo meu que advinhava os propósitos do Mário e me encorajou a candidatar-me. Eu respondi-lhe que no dia que ele se candidatasse, eu tambem o faria.
Tal não foi a minha surpresa, quando no domingo seguinte vi os nossos nomes inscritos no quadro de anúncios, juntamente com os nomes dos outros candidatos. Chegado o domingo de eleições, vejo com surpresa que o tal meu amigo tinha retirado o seu nome da lista ( teve certamente um melhor conselheiro que eu) e ainda pensei em retirar tambem o meu, mas por vergonha ou talvez por um pequeno impulso de valentia, deixei-o lá ficar, dizendo a mim mesmo, que de qualquer maneira ninguém votaria por um desconhecido naquele tipo de candidaturas, normalmente reservado para individuos que já tinham uma certa experência com assuntos da Missão. A contagem dos votos foi feita após a missa e à minha grande surpresa, os votantes ali presentes elegeram-me majoritáriamente, felicitando e desejando-me boa sorte. Eles lá sabiam porquê…
Como qualquer eleição livre e democrática, tambem esta tinha um protocólo que deveria rigorosamente ser respeitado : Certificação dos votos, envio dos mesmos à Diocese, investigação dos candidatos (não tivesse algum dos eleitos , um passado obscuro e á margem da lei) verificação do seu estatuto católico em boa situação, etc.
E foi assim que em Janeiro de 2018 participei na primera de muitas outras reuniões. Para mim e outros novos candidatos eleitos foi a ocasião de nos informarem que funções iriamos jogar no grupo, agora completo, mesmo se oficialmente ainda não tinhamos a aprovação do bispo. Foi-me designado o posto de secretário do Conselho, posição essa que me surpreendeu agradávelmente, pois as tarefas aí prescritas correspondiam um tanto ás minhas capacidades de execução e por conseguinte ás possibilidades de sucesso na minha nova carreira. Houve muitos items discutidos, para mim era tudo chinês, pois na maior parte dos assuntos, eu não tinha uma ideia do que os mais antigos e experientes membros estavam a falar. A reunião terminou quase 3 horas e meia depois, um pouco mais do que o que tal Mario me tinha dito, mas uma primeira reunião é sempre imprevisível, portanto não levei a coisa a sério.
Convocados para a segunda reunião no mês seguinte, esta presidida pelo sr. Padre, presidente em dever deste conselho, sendo ele acompanhado pela sua inseparável “cadelinha”. (Imaginem o cenário se cada um ali presente (11) tivesse tido a ideia de se fazer acompanhar pelo seu animal preferido). Procedeu-se então á iniciação e juramento dos novos membros segundo o protocolo. Terminada a assermentação fomos avisados do quão sério eram as matérias discutidas neste conselho e por conseguinte , nos era totalmente recomendado manter essa informação dentro destes 4 muros: “Nem pio” lá fora do que se discute nas reuniões do Concelho, nem aos vossos amigos mais intimos ou conjugues, podereis falar do que se passa aqui, sob pena de expulsão imediata, se tal vier á acontecer”. Fim da citação do nosso president em dever . Quase 3 anos depois , ainda não percebi a razão para tal ordem de sigilo, pois nunca foi testemunha de informação alguma que exigisse tal nível de confidencialidade, pelo contrário, a meu ver, se queremos ter uma comunidade unida e implicada, é nosso dever informá-la e convidá-la a participar nos assuntos da Missão.
Na minha cabeça, naquele momento, veículava uma mistura de sentimentos de apreenção, confusão e sobretudo dúvidas sobre a minha presença naquele grupo. Veio-me á ideia Moisés no alto do rochedo mandando fechar as águas do Mar Morto, enquanto nós nos encontrávamos no principio da caminhada ! Por fim cheguei à conclusão que o dócil e gentil pastor espiritual que tão bem nos chefiava nas cerimónias religiosas, era, fora desse ministério, um chefe um pouco desconfiado e bastante autocrata.
Felizmente ele teve de se retirar e a reunião proseguiu com a distribuíção da lista dos deveres e responsabilidades que cada um deveria, no melhor da sua capacidade respeitar e exercer durante o seu mandado. A reunião terminou quase 3 horas e meia depois, (allô Mario ,tás certo que não te enganaste de reunião?) A partit desse momento , e tendo em consideração a quantidade de trabalho que nos esperava, a “máquina” pôs-se em modo “pra frente é que é o caminho” e à parte uma outra reunião onde houve um certo “desacordo” entre certos membros do C.E. e o seu ainda presidente , que como sempre acompanhado da sua fiel “cadelinha” tentou impor a sua “visão das coisas” ao grupo, mas face à resistência deste, especialmente da parte dos novitas, a coisa não saiu muito bem , tendo ele deixado a reunião um pouco contrariado. Era evidente que o suporte incondicional, ao qual o nosso lider se tinha habituado, começava a esmoronar-se e tornava-se muito dificil aceitar outros pontos de vista , que não fossem os seus. Hoje, analisando bem aquela situação e sem provas factuais, posso cocluir , na minha humilde opinião, que foi o “principio do fim”, que um pouco mais tarde acabou por se materialisar, infelizmente. Até pra semana….