Até sexta-feira, 150 confessionários estão disponíveis para os peregrinos na ‘Cidade da Alegria’, em Belém, uma oportunidade para os jovens “irem ao encontro de Cristo e limpar o coração”, explicou à Lusa Daniela Luís, responsável do ‘Parque do Perdão’.
“Há um tirar este peso dos ombros que às vezes o mundo nos coloca e que é tão mau. Os jovens podem tirar esse peso e carregá-lo com Cristo e, dessa forma, ficarem mais leves para ajudarem o próximo”, referiu.
Na confissão, os jovens sentem “um reencontro com Deus e percebem também que há alguém que os ama como eles são, independentemente de como são, de quem sejam, porque o amor de Deus é isto, a misericórdia de Deus é isto”, acrescentou.
“É também uma forma de os jovens perceberem o que Deus quer de nós, a que vocação é que nos chama. No fundo, tantos jovens que estão perdidos no mundo, que não encontram um sentido, e esta misericórdia pode abrir-lhes um novo sentido para a vida”, disse Daniela Luís.
Da Costa do Marfim, o padre Philippe Amanfo sublinhou a necessidade de os jovens pedirem “a graça para seguirem Jesus Cristo no seu caminho”.
“Estimulo-os a escutar a voz de Jesus Cristo e, se ele chamar, para responderem à vocação: ‘Sim, Deus, eu quero segui-lo’. Não estamos aqui para condenar, mas para partilhar a graça”, comentou à Lusa.
Salvador Oliveira, 15 anos, de Sintra, era um dos jovens que hoje à tarde esperava a sua vez para se confessar.
“Já não me confessava há dois, três meses, e achei importante confessar-me antes da jornada”, disse o jovem, que assim se quis “preparar para receber o Papa Francisco e Deus”.
Do Canadá, o padre Fernando Mignone confessou hoje jovens de várias nacionalidades – portugueses, argentinos, espanhóis, italianos -, a quem procurou sempre transmitir a mesma mensagem: “Que encontrem Jesus. A fé não é uma instituição. Durante séculos, a Igreja só tem dado obrigações – ‘tens de te confessar’ – e isso é um falhanço”.
“Se a Igreja quer ter futuro, tem de ser nessa direção: levar os jovens para Jesus como uma pessoa e não para a Igreja como uma instituição”, salientou.
A confissão “é tão necessária”, considerou, acrescentando: “Somos todos pecadores”.
Maria Asunción, uma jovem de 19 anos, de Sevilha, que acabava de sair do confessionário, afirmou: “Deixamos todos os pecados para trás e ficamos em paz com Deus. Crescemos como pessoas”.
Da Colômbia, Daniel Valencia, 17 anos, disse ser “necessário estar arrependido para poder receber o corpo e sangue de Cristo da melhor maneira, livre de pecados”.
A confissão, admitiu, é um ato “muito difícil”.
“Há pecados que não conseguimos curar”, comentou, admitindo estar entusiasmado por se ir confessar com um padre desconhecido e, assim, se sentir mais à vontade para se “abrir mais”.
O sacerdote Miguel Lopes, de Setúbal, garantiu que “um padre não julga, o que se ouve na confissão morre na confissão”.
O pároco rejeitou a ideia de que uma confissão seja um ato de “coscuvilhice”.
“As pessoas pensam que os padres têm gosto em ouvir as porcarias, as maldades, a podridão. Somos todos iguais, até nos pecados, mas há um perdão bem maior que as nossas mazelas. Independentemente do nosso pecado, temos um Deus que nos perdoa e que nos ama”, disse.
O padre, que já participou em várias jornadas mundiais da juventude desde 1991, garantiu: “É poderoso para os jovens participarem na jornada através da confissão, com milhares [de outros peregrinos]. Dá ânimo e um balanço para a vida”.
No ‘Parque do Perdão’, com 150 confessionários a funcionar até sexta-feira, entre as 09:00 e as 16:00 (na sexta-feira o horário é alargado até às 20:00), padres voluntários proporcionam confissões em português, inglês, espanhol, italiano e francês.
Os confessionários, pequenas cabines construídas em materiais reciclados e com terços recortados na fachada, foram construídos por reclusos dos estabelecimentos prisionais de Coimbra, de Paços de Ferreira e do Porto.