De vento em popa, assim vai Portugal no Mundial 2022.
A Seleção apurou-se para os oitavos de final ao vencer o Uruguai por 2-0, com um bis de Bruno Fernandes, e, no derradeiro jogo, frente à Coreia do Sul, pode só com um empate (ou nem isso, caso o Gana não vença por mais de dois golos) confirmar o primeiro lugar no grupo.
O maiato foi o comandante do triunfo luso e Portugal bem pode partir à descoberta do mundo, ali, junto às areias do deserto, bem perto de onde outrora chegaram destemidos navegadores.
Tudo começou com uma primeira parte amarrada como um nó de marinheiro. Portugal fez o dobro dos remates (9-4) e dos passes (340-155), mas não era fácil encontrar caminhos para a baliza do Uruguai. A «celeste» teve a melhor oportunidade antes do intervalo, quando, aos 32m, Bentancur rompeu e só não marcou porque encontrou o muro Diogo Costa pela frente.
O Uruguai lançou Coates de início (Ugarte, o outro sportinguista, ficou no banco) e armou um 3-5-2 para suster o 4-2-3-1 de Fernando Santos, que mudou três de início, lançando Pepe, William e Nuno Mendes para os lugares de Danilo, Otávio e Raphael Guerreiro.
A Danilo e Otávio lesionados acabou por se juntar Nuno Mendes, que aos 42m saiu em lágrimas após ressentir-se de um problema muscular.
Mais problemas para Portugal, que havia de entrar na rota triunfal no segundo tempo.
Lembram-se do encontro entre Ronaldo e Bruno Fernandes na concentração da Seleção para este Mundial?Muita tinta fez correr, quando afinal CR7 terá perguntado ao ex-companheiro de equipa «Vieste de barco?», gracejando por um alegado atraso.
Pois, Bruno terá levado o seu barco para o Qatar e convidado todos para subirem a bordo com ele ao leme. Em campo, ele e Ronaldo entendem-se na perfeição. Foi assim aos 54m, quando Ronaldo tocou na bola apenas com a aura e isso foi suficiente para bater o guarda-redes Rochet.
«O golo é de Bruno», sentenciou a FIFA, num lance que inicialmente deixou dúvidas autorais.
Seguiu-se a reação uruguaia. Suárez entrou para o lugar de Cavani e Maxi Gómez para o de Darwin. Maxi, o menos famoso dos avançados «charruas», acabou por acertar no poste, aos 75m, na melhor oportunidade da equipa de Diego Alonso.
Foi o toque a reunir para a equipa das quinas. Poucos minutos depois, Fernando Santos, que inicialmente colocou Bruno ao lado de William no miolo, lançou Palhinha e Matheus Nunes para segurar o meio-campo (além de Gonçalo Ramos para o lugar de Ronaldo).
Bruno e Bernardo acabariam, lá na frente, por levar o barco a bom porto: o mágico do Man. City segurava a bola, enquanto o capitão do Man. United fazia tudo o resto.
Aos 90m, Bruno converteu com o pulinho da ordem o penálti inventado por si, quando meteu a bola entre as pernas de Giménez, que deu mão na área. Já em cima do apito final, de novo Bruno haveria de estar por duas vezes à beira do hat-trick: um remate foi defendido por Rochet e outro só foi parado pelo poste.
Não era preciso mais para o coroar frente a um Uruguai que em 2018 foi o carrasco de Portugal nos oitavos de final do Mundial da Rússia.
Com bússula e astrolábio foi o comandante Bruno a guiar a armada lusa. Contra ventos e marés, Portugal segue à descoberta de um desafio que tem o tamanho do mundo.