O Canadá, mais propriamente a sua província do Québec e a cidade de Montreal, perderam no passado mês de Agosto, uma das grandes oportunidades, daquelas que só os países que organizaram grandes eventos futebolísticos, como campeonatos do Mundo ou Europa, já viveram.
É que em Montreal estiveram várias figuras do futebol mundial como Dunga, Cafu, Rivaldo e Djalminha, entre outros que se juntaram a jogadores do Montreal Impact, também eles verdadeiras lendas do “desporto rei” como Drogba, Tony (jogador da selecção canadiana 1997-2007) e Carlinhos Paraíba.
E quando digo que Montreal perdeu a oportunidade foi porque não se viu na imprensa canadiana, ou mesmo na luso-canadiana, referência real a este acontecimento. Aqui, para além da concentração destes jogadores que, por si só já é bastante significativa, também ninguém aproveitou a ocasião para fazer entrevistas e colocarem-nas em “carteira” para ir publicando ao longo das edições.
Este encontro de ex-campeões do “desporto rei” serviu para “adoçar” a boca aos adeptos canadianos para o grande evento futebolístico que se avinha no país: o Campeonato do Mundo de 2022. Para isso, nada melhor do que um jogo entre Brasil e Montreal Impact, cuja categoria é inquestionável, para lançar alicerces e mostrar ao Canadá que o evento que vai organizar é de uma responsabilidade tremenda, acrescida pelo facto de ser um país onde, ainda, o futebol não conquistou o coração de todos os canadianos.
Assim, com o empenhamento de Christian Prevost e Tony Canadense e com apoio do Fairmont Le Reine Elizabeth e da BMW Laval, conseguiu-se realizar um jogo, no Estádio Saputo, casa do Montreal Impact, clube canadiano que atua na Liga Profissional Norte Americana de Futebol.
Estranho foi também a Federação Canadiana de Futebol, que também deixou passar em claro o evento, não se associando ao mesmo, nomeadamente através de colóquios ou participação dos jogadores em conferência com o propósito de elevar o interesse do povo canadiano pelo futebol, que poderia e deveria ter realizado.
Em suma, nunca é demais referir que esta foi uma verdadeira oportunidade perdida para os canadianos que, para além de terem tido a oportunidade de ver verdadeiras “estrelas” do desporto rei ao vivo, também não souberam partilhar as suas experiências…
Não poderia terminar este meu artigo de opinião sem fazer uma referência ao meu sobrinho Leonardo Ramalho, um guarda redes de “mão cheia” como se diz na gíria futebolística. Leo, como é conhecido no meio futebolístico do Canadá viu o seu sonho realizado ao atuar durante 90 minutos em defesa da baliza do seu país de nascimento, o Brasil, defendendo com afinco e valentia os remates de ex-jogadores que fizeram a história no Montreal Impact, como António Ribeiro, Greg Sutton, Eduardo Sebrango, Hassum Câmara, Fred Moojen e, claro, Drogba. Para ele um abraço forte e uma palavra: és um campeão e só tenho pena, como jornalista da área desportiva com 35 anos de carreira, nunca te ter podido ajudar.
Escolheste o Canadá como pais de opção para viver, se tivesses escolhido Portugal, aí era na altura garantido um lugar numa das equipas da 1ª Divisão Nacional, não tenho dúvida a julgar pela qualidade futebolística que tens e que tive o prazer de testemunhar aquando da minha visita a esse maravilhoso país.
Para finalizar uma palavra para a BMW de Laval e para Tony Canadense e Christian Prevost que praticamente sem apoios oficiais, tiveram a coragem de levar para a frente o evento que levou até ao Canadá grandes “estrelas” do futebol mundial.