É que não há para mais ninguém!
Parece aqueles miúdos traquinas do pátio.
É meu. É meu. É meu!
Ruben diverte-se. Brinca sozinho, mas é feliz. E os outros que olhem, enquanto ele festeja.
Durante muito tempo, a Taça da Liga parecia o recreio do Benfica. Das nove primeiras edições, as águias venceram sete.
Mas hoje, talvez seja mais fácil explicar o fenómeno. Não era a competição do Benfica. Era a de Ruben Amorim: o médio que venceu seis dos troféus conquistados pelo Benfica.
É que depois de ele sair, só mais uma vez os encarnados venceram o troféu, dando depois espaço para Sporting e Moreirense conquistarem também a Taça da Liga. E entretanto, surge Ruben Amorim. O treinador. À primeira tentativa, Ruben leva o troféu para Braga. À segunda, faz da Taça da Liga o seu primeiro título pelo Sporting. E se dúvidas houvesse, neste sábado elas foram dissipadas. No confronto Amorim-Benfica, sorriu o treinador.
Contas feitas, e vão nove para o treinador.
Num jogo em que o Sporting foi sempre melhor – mais equipa, mais dominador e capaz de controlar todos os momentos da partida -, foi com naturalidade que os leões voltaram a conquistar a Taça da Liga.
Porro, em dia de saudado regresso à competição, lançou Sarabia que, isolado na cara de Vlachodimos selou o triunfo leonino e inscreveu o nome do Sporting no troféu.
Mas há lá outro nome que tem de figurar. Ele até pode vir em letras pequenas, mas o homem que no final do jogo foi atirado ao ar pelos seus jogadores tem de merecer uma referência especial.
Porque desde que Ruben é treinador, não há Taça da Liga para mais ninguém.
destaques das águias
Momento: a bomba de Everton
Depois de 23 minutos de verde e branco, Everton deu um toque de vermelho ao jogo, ao minuto 23, com uma bomba que desbloqueou o marcador. Recebeu a bola servida por Grimaldo com o pé direito, deixou Neto nas covas e encheu o pé esquerdo, sem hipóteses de defesa para Adán. Um golo que teve o condão de dar confiança ao Benfica depois das muitas bolas perdidas no início do jogo. A verdade é que o Benfica estabilizou e passou a controlar melhor o jogo e também o adversário, pelo menos, até ao intervalo.
Figura: Vertonghen imperial
Uma grande parte dos ataques do Sporting morreram nos pés do central belga. Foram cortes atrás de cortes, com o defesa a aparecer sempre no caminho da bola. Bolas tensas, bolas em balão, bolas rasteiras, o belga estava sempre no sitio certo a anular ou a interromper todas as iniciativas dos leões.
João Mário: Deve ter jogado com tampões nos ouvidos, uma vez que se mostrou sempre impávido e sereno face aos muitos assobios que ouviu das bancadas. Desde que o seu nome foi anunciado no estádio e, depois, sempre que tocava na bola, ouvia-se uma monumental assobiadela, mas a verdade é que o antigo jogador do Sporting, de luvas nas mãos, nunca acusou a pressão. Foi até o mais inconformado depois da reviravolta dos leões, procurando sempre, de cabeça levantada, levar a sua equipa para a frente. Faltou-lhe mais apoio.
Meïté: Se a sua missão era anular Matheus Nunes, cumpriu quase na perfeição, faltou depois assumir o papel de «oito» que Nélson Veríssimo lhe atribuiu na antevisão do jogo. Por outras palavras, foi preponderante a enguiçar o meio-campo do Sporting, mas contribuiu pouco para a fluidez do meio-campo da sua equipa.
destaques dos leões
Momento: golo de Inácio, à segunda tentativa
O Sporting chegou ao intervalo a perder, mas precisou de poucos minutos para chegar ao empate na segunda parte, num lance que os leões já tinham ensaiado no primeiro tempo. Na primeira tentativa, Vlachodimos, com grandes reflexos, impediu o golo, mas à segunda tentativa nada pôde fazer. Pontapé de canto de Sarabia da esquerda e cabeçada plena de convicção do jovem central. Um golo que marcava um novo crescimento dos leões que tinham esmorecido depois do golo de Everton.
Figura: Pablo Sarabia, oferece e assume
Num jogo em que o Sporting brilhou pelo coletivo, temos de destacar Pablo Sarabia pela marca forte que deixou nos dois golos do Sporting. No primeiro marcou o pontapé de canto teleguiado para a cabeça de Gonçalo Inácio, depois aproveitou um grande passe de Pedro Porro para escapar entre Morato e Lázaro para bater Vlachodimos como quis. Dois momentos fulcrais no jogo, mas o espanhol foi mais do que isso. No primeiro tempo deu vida à ala esquerda dos leões, em constantes combinações com Matheus Reis, para ganhar a linha de fundo e cruzar para a área. Começou por cruzar muito largo, para lá do segundo poste, mas foi afinando o pé e, já perto do intervalo esteve perto de surpreender Vlachodimos com um cruzamento/remate.
Ricardo Esgaio: Que luxo! Ruben Amorim deixou Pedro Porro no banco, mas Esgaio correspondeu enquanto teve pulmão. O ataque dos leões começou inclinado sobre a direita, muito por culpa das constantes iniciativas do lateral que procurava aproveitar o espaço que Grimaldo deixava nas suas costas. Jogou na lateral sobre a linha do meio-campo, mas esteve mais tempo no tabuleiro ofensivo, sempre no ataque à profundidade, permitindo a Pote procurar mais terrenos interiores. Depois da entrada de Porro, passou a jogar a central, sobre a direita, com a mesma eficácia que tinha revelado no corredor.
Matheus Nunes
Esteve muito tempo fora do jogo, sob forte marcação de Maïté, mas sempre que teve a bola nos pés e conseguiu escapar à sombra do francês, ofereceu qualidade ao jogo. Destaque para um grande passe a lançar Sarabia para a área do Benfica ainda na primeira parte. Já na segunda, voltou a fugir à marcação do francês e saiu disparado para acorrer a um passe longo de Paulinho.
Pedro Porro: Aí está Porro de volta e a deixar claro que o lugar que deixou entregue a Esgaio é seu. Subiu ao relvado sob uma grande ovação das bancadas e precisou de pouco tempo para explicar a adoração que os adeptos têm por ele. Grande passe a lançar Sarabia para o golo da reviravolta.