Tempero açoriano em vitória insonsa

Taça da Liga: Sporting 2-1 Santa Clara
Todos sabemos como é.
Dia de ressaca, não é para grandes exigências. É fazer o mínimo obrigatório e aproveitar cada meia oportunidade para recuperar.
E depois, em princípio, melhores dias virão.
E foi assim que o leão se apresentou na meia-final da Taça da Liga, na ressaca de uma dolorosa derrota em casa frente ao Sp. Braga.
A vontade existiu. Ninguém pode dizer o contrário. Mas era daqueles dias em que não dava para mais.
Amorim mudou quatro peças no onze – que era dia de refrescar um pouco – e abordou o jogo que valia o bilhete para a final de cara, mais ou menos, lavada.
Mas as coisas demoraram a arrancar. O Sporting começou por dominar o jogo de forma confortável, foi até asfixiante na pressão, a espaços, mas os jogadores mostraram-se sempre muito atabalhoados na hora de decidir. E à custa disso, ainda houve ali um momento de refluxo e indisposição. Mérito de Lincoln, sem nada a ver com problemas alheios, atirou o leão ainda mais para baixo com um golaço de livre direto. Um daqueles de levantar qualquer estádio. Mas se esse momento podia deixar o Sporting em sofrimento, seria um erro do Santa Clara a voltar a deixar tudo como estava. Numa arrancada de Nuno Santos – quase sempre o mais ativo na equipa do Sporting – Villanueva foi muito infeliz na abordagem ao cruzamento e marcou um autogolo que levou o jogo empatado para intervalo.
Na segunda parte, o detentor da Taça da Liga pareceu voltar revigorado. Durante cinco minutos, não deixou o Santa Clara sair do seu meio-campo defensivo.
Só que aos poucos, o fulgor foi desaparecendo.
E se é verdade que o Santa Clara também não fez muito para chegar à sua primeira final da Taça da Liga, o Sporting só voltou a marcar graças a novo erro açoriano. Rui Costa abordou um lance com Sarabia de costas, mas com o braço levantado, o VAR viu a infração e avisou o árbitro que assinalou penálti e expulsou Rui Costa, aos 63 mintutos.
Sarabia não tremeu dos onze metros e ‘matou’ a ressaca com um penálti irrepreensível.
Depois disso, Paulinho ainda teve uma daquelas perdidas que pode dar dores de cabeça, num remate falhado de baliza aberta.
Mas esquece-se isso. Agora venha a festa da final. A festa de mais um dérbi lisboeta para decidir um título.
Sporting e Benfica definem no sábado o vencedor desta edição da Taça da Liga, sabendo de antemão que há nova ressaca à vista. E que não será nada agradável para uma das partes.

A FIGURA: Nuno Santos
Sempre ligado! Quase todos os lances de perigo do Sporting surgiram dos pés de Nuno Santos, que desta vez fez toda a ala esquerda. É dele o cruzamento para o autogolo de Villanueva, que valeu o empate aos leões, mas a exibição de Nuno Santos foi muito mais do que isso. E num jogo em que não houve ninguém a destacar-se de forma clara, isso vale-lhe a distinção.

O MOMENTO: Rui Costa dá
uma ‘mãozinha’ ao leão
O lance que decidiu o jogo demorou vários minutos a ser analisado. O árbitro da partida não detetou qualquer irregularidade no lance corrido, mas o VAR viu um braço esticado de Rui Costa na abordagem a um cabeceamento de Sarabia. Ao rever as imagens, António Nobre assinalou penálti, expulsou Rui Costa e Sarabia carimbou o apuramento do Sporting para a final.

Tabata
Foi uma das surpresas de Amorim no onze, surgindo no trio atacante por troca com Paulinho, que ficou no banco. Isso tornou a frente de ataque muito móvel, com Sarabia, Pote e Tabata a torcarem de posição várias vezes. Ainda assim, foi o brasileiro quem surgiu mais vezes em posição de finalização, marcando até uma vez, mas estava em posição de fora de jogo. Mais uma vez, fez por merecer a oportunidade.