Com Ana Moura: A LÍNGUA DE CAMÕES BRILHOU NO PLACE DES ARTS

O passado dia 3 de julho especial para os fãs da boa música portuguesa em Montreal. A renomada fadista e cantora lusófona foi convidada a atuar pela organização no Festival Internacional de Jazz. O famoso e cosmopolita festival decorreu em Montreal de 27 de junho a 6 de julho, trazendo muitos artistas aos palcos da cidade. Com Ana Moura, o Théâtre Maisonneuve encheu-se com um público heterogéneo, das mais variadas nacionalidades e etnias, entre os quais, não sendo a maioria infelizmente, muitos portugueses ansiosos para ouvir cantar esta diva da música portuguesa.
Ana Moura foi considerada pelo site All Music a fadista mais bem-sucedida do século XXI, vendendo mais de 1 milhão de discos em todo o mundo. O seu grande talento e valor musical faz com que frequentemente seja convidada a colaborar com os gigantes mundiais do Pop, do Rock e do Jazz.
O espetáculo teve a duração de uma hora e meia, mas o tempo não conseguiu imprimir cansaço nem na cantora, nem na plateia.
A sonoridade da sua voz singular e a sua presença sedutora e inebriante no palco captou a atenção, não ficando ninguém indiferente.
A fadista portuguesa soube conjugar magistralmente a solenidade e sublimidade da tradição e cultura musical portuguesa com a contemporaneidade. A sua música tem sabor a fado, a pop, a semba angolana e a quizomba.
O tocar “choroso” da inesquecível guitarra portuguesa em terras canadianas, a voz potente e única de Ana Moura, a iluminação cênica e a sonoplastia foram os ingredientes perfeitos para que a noite em Montreal fosse memorável e para que o Desfado, a mais emblemática das suas criações musicais, conseguisse a proeza de fazer levantar todo o auditório.
Ficou provado na passada quarta-feira, que a boa música é, sem dúvida, uma língua universal, sobrepõe-se a idiomas e aproxima pessoas. Todos entenderam o sentimento que emanava de cada verso cantado em português apesar da dispersão linguística dos espetadores. Ana Moura passou por Montreal, deixou o sabor do bom que se faz em Portugal e mostrou aos portugueses presentes no Place des Arts, que a cultura portuguesa não está cristalizada no passado, mas resplandece com qualidade no que se faz no presente.
Registo aqui a minha admiração e agradecimento à organização do Festival Internacional de Jazz de Montreal pela ousadia e acutilante visão manifestadas no convite a esta grande fadista da atualidade, infelizmente desconhecida de tantos dos seus conterrâneos.
Precisamos de aprender a estar no mundo, de saborear mais as coisas boas do mundo. Ouvir boa música ao lado de quem se ama… que mais se pode desejar? Obrigado Nancy e Abigail.

Ricardo Pimentel e fotos de Nancy franco