Horácio Arruda, diretor nacional de saúde pública é o novo ídolo dos quebequenses

No sábado passado, a ex-ministra Lucie Charlebois estava em um campo de golfe na Flórida. Através do ruído sobre o coronavírus, a “SNOWBIRD” se perguntou se deveria antecipar seu retorno ao país. Então, ela fez uma ligação para acertar os fatos. Ela sabia para quem ligar: Horácio Arruda.

“Senhora, volte, apresse-se”, disse o diretor de saúde pública. O ex-ministro não fez nem um nem dois, ela imediatamente tomou a estrada com seu parceiro Luc.

“Quando Horácio Arruda fala, tu ouves”, disse a ex-ministra, que estava ao telefone quando tinha acabado de deixar a alfândega para voltar para casa.

Desconhecido pelo público em geral há alguns dias, Horácio Arruda se tornou o ídolo dos quebequenses em uma semana.
Consagração dos tempos modernos, os memos onde ele personifica um herói se multiplicam nas redes sociais e uma página no Facebook “Horácio, nosso herói” presta homenagem a ele.
Presente em todas as reuniões de imprensa do governo, ele se tornou a voz da razão, o rosto tranquilizador, o capitão do navio com François Legault.

Horácio Arruda, que desejava seguir carreira no teatro, interpreta hoje, aos 59 anos, o maior papel de sua vida.

Os quebequenses descobrem um homem autêntico que às vezes escapa-se com alguma, como em janeiro, quando ele se apresentou em uma entrevista coletiva: “O medo faz com que se faça coisas que não têm uma gota de bom senso”. Ele também é uma pessoa com um bom senso de humor que fazia todo o mundo sorrir, aconselhando os adolescentes a adiar “a troca de produtos orgânicos”.

“Rimos muito juntos”, recorda-se a Senhora Charlebois, ex-ministra responsável pela saúde pública, que trabalhou em particular em importantes questões sobre a legalização da cannabis. “Ele é alguém eminentemente compreensivo e muito bom comunicador, ressalta Réjean Hébert, ministro da Saúde de 2012 a 2014. Ele é natural e diz o que pensa”.

O Senhor Arruda gerou também a crise do vírus H1N1 com o ministério de saúde da época, Yves Bolduc, em 2009.

Filho de immigrants
Este filho único de imigrantes portugueses é desde à 20 anos o braço direito do governo en saúde publica. Mas aos olhos de Horácio Arruda, os desafios que ele enfrenta em seu trabalho não são de forma alguma comparáveis às dificuldades que os seus pais tiveram que enfrentar ao deixar Portugal para se estabelecer no Quebec, de acordo com o que ele disse em um artigo de um site dos Açores, um arquipélago português.
“Foi preciso um grande senso de responsabilidade e muita coragem por parte dos meus pais quando eles decidiram emigrar”, diz o documento.
O pai, Bento Arruda, trabalhador rural, e a mãe Maria José Botelho, empregada doméstica, chegaram ao Quebec em 1960.
“Na época, não havia programa de apoio a imigrantes, minha mãe fazia se entender fazendo sinais ”, explica ele à mídia açoriana. É também porque ele estava ciente do sacrifício de seus pais, que agora são falecidos, e para salvá-los do estresse que ele diz, ainda neste artigo em português, ter deixado de lado o sonho de se tornar ator para se dedicar à medicina.

Especialista em epidemias
A saúde pública tornou-se a paixão do Dr. Arruda e, mais especificamente, epidemias e medidas de emergência. Formado em medicina pela Universidade de Sherbrooke em 1983, ele concluiu um certificado em saúde comunitária e medicina preventiva.

Ele também foi tutor do Centro de Epidemiologia da Intervenção em Quebeque.

“Durante muitos anos, ele estudou os campos da epidemiologia intervencionista, bem como a prevenção e controle de doenças infecciosas”, lê sua biografia dos membros do conselho da Rede Pan-Canadense de Saúde Pública.

Em 2000, foi nomeado diretor de proteção no setor de saúde pública, depois diretor nacional de saúde pública e vice-ministro assistente em 2012.

“Ele tinha as competências, o bom senso, foi capaz de manter a calma e explicar claramente os problemas de saúde pública”, recorda o ex-ministro Yves Bolduc, que o nomeou à frente do Departamento de Saúde Pública, em maio de 2012.

Durante 20 anos, o Dr. Arruda conduziu grandes projetos: a prevenção do vírus do Nilo Ocidental (2001), a campanha de vacinação em massa contra meningite (2001-2002), a SARS em 2003-2004, a gripe aviária (2004- 2005), C. difficile (2007), surtos de salmonelose e listeriose em 2008, H1N1 em 2009, Ebola em 2014, Zika em 2016.

“Ele entendeu rápidamente os problemas e conseguiu transmitir as mensagens”, lembra Bolduc, que administrou a epidemia de H1N1 com ele. “Ele projetou grande credibilidade. ”

O Dr. Hébert também pude contar com ele durante o desastre de Lac-Mégantic em 2013.

“Ele chegou nas horas que se seguiram e ficou por alguns dias, e foi com ele que decidimos ‘evacuar as pessoas que estavam sob a nuvem de fumaça’, explica ele. “É muito eficaz em uma crise”, disse o ex-ministro.

No verão de 2014, ele também teve que administrar uma crise interna desta vez durante a demissão em bloco de seis diretores regionais de saúde pública em um confronto com o governo Couillard e o ministro Barrette sobre as condições salariais.

O doutor Arruda trabalhou em quatro regiões por interim, algumas vezes por vários anos.

“Ele não faz política, insiste Charlebois. “Ele conhecia os liberais, o QP, e agora com o CAQ, e ele está fazendo o seu trabalho e sempre confia na ciência”. “Ele é alguém muito transparente, ele diz a verdade”, acrescenta o Dr. Hébert.

Homem de família
Paralelamente à sua carreira, ele se casou com Nicole Mercier, médica de família, em 1986. Juntos, eles tiveram três filhos: Geneviève, Gabriel e Guillaume.

O casal vive em Sainte-Thérèse, no norte de Montreal. “Ele sempre está lá para a sua família, pronto para ir e voltar de Quebec para não perder uma reunião de família”, disse seu primo por casamento, Tomy Botelho.
“Ele é muito generoso, ele me ensinou a conduzir”, continua ele. Descreve-o como um bon vivant, um globetrotter e um amante das artes.
Os trabalhadores da rede de saúde que trabalharam com ele nos últimos anos falam de um homem apaixonado e rigoroso que não tem papas na língua.

“Ele é um excelente popularizador”, acrescenta Charlebois.
“Ele é capaz de combinar conhecimento científico com praticidade”, continua o Dr. Hébert. Ele é capaz de buscar as competências das pessoas com quem trabalha e popularizar a ciência para que os ministros possam tomar decisões com base em dados científicos. “Ele está pronto para enfrentar o coronavírus”, diz Charlebois. Nós estamos negociando com ele.

ARTIGO DE ANNABELLE BLAIS E TRADUZIDO PELA CASA DOS AÇORES DO QUEBEQUE