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NOTÍCIAS 12 | A VOZ DE PORTUGAL | TERÇA-FEIRA, 17 DE AGOSTO DE 2021
FESTIVAL AÇORIANO MARÉ
DE AGOSTO DECORRE ATÉ
30 DE AGOSTO EM SANTA MARIA
A 37.ª edição do festival Maré de Agosto
começou no dia 06 e vai decorrer até 30 de
agosto, em Santa Maria, Açores, contando
com várias intervenções culturais, incluindo
concertos de Manuel Cruz e Miramar.
Em declarações à agência Lusa, Pepe
Brix, um dos organizadores, adiantou que
a Associação Cultural Maré de Agosto deci-
diu "alargar" o período do festival para evitar
a concentração de pessoas, devido à pan-
demia de covid-19.
"Este ano o festival Maré de Agosto decidiu
alargar o seu período. A ideia era alargar
os eventos ao longo do mês de agosto para
que se evitasse um bocado grandes aglo-
merações de pessoas, para fazer as coisas
com mais segurança", destacou.
O festival arrancou com uma exposição
de pintura do artista mariense Pedro Sousa
que estará exposta na biblioteca municipal
de Vila do Porto até 30 de agosto.
Estão ainda previstas pinturas de murais
por parte de Tutu Sousa e Zed1 e a instala-
ção de uma escultura dos artistas Bordalo II
e Iron Art.
"Neste preciso momento está o Bordalo II a
fazer a instalação de uma escultura no cen-
tro da vila numa obra dedicada à estrelinha
de Santa Maria, uma ave endémica aqui de
Santa Maria", referiu o organizador.
Durante o festival, vão decorrer quatro con-
certos: em 26 de agosto de Manuel Cruz,
em 20 de agosto de Miramar, em 24 de En-
gengroaldenga e dia 28 de Karyna Gomes.
Apesar de realçar que as exposições de
pintura e fotografia "sempre tiveram na gé-
nese" do festival conhecido pela vertente
musical, Pepe Brix afirmou que a Maré de
Agosto tem "espaço para estender os tentá-
culos e alargar o seu período e as áreas de
intervenção cultural".
"É muito provável que cada vez mais o fes-
tival Maré de Agosto se estenda para várias
áreas e, eventualmente, por mais tempo,
nunca deixando o seu formato principal que
são aqueles três, quatro dias de festival na
praia formosa", apontou.
O organizador disse ainda ser necessário
criar uma "maior interação" entre os artistas
e o público do festival.
"Achamos que o festival precisa cada vez
mais de procurar e de ser mais consequen-
te culturalmente quando falamos de uma
intervenção cultural junto da comunidade
local", assinalou.
Na edição anterior, a Maré de Agosto de-
correu em formato 'online', com conversas
e concertos com nomes como a mariense
Isabel Mesquita e Julian Marley.
Afeganistão a Caminho de
um Irão (Estado Teocrático)
ANTÓNIO DA CUNHA D. JUSTO calamitosos (Iraque, Síria, Líbano e agora Afeganis-
Pegadas do Tempo, Cronista em Portugal tão)!
O cenário repete-se! “Faz lembrar, a fuga do Vietna-
epois de dois dias de combate os mili- me”! Nunca houve uma justificação moral para esta
tantes islâmicos (Talibãs) conquistaram guerra justificada com o ataque islâmico contra os
D(08.07.2021) Kunduz; a sua meta é a con- USA. No ataque terrorista de 11 de setembro de 2001
quista da capital Kabul. A cidade de Kunduz, capital pela organização al-Qaeda (1) às Torres Gêmeas em
da província, tem 370.000 habitantes. Nova Iorque, a maioria dos planeadores, financiadores
Em Kunduz o caos é geral: "o pessoal do governo e teóricos veio da Arábia Saudita e não do Afeganistão.
fugiu. Os Talibãs libertaram os prisioneiros da prisão. Os estrategas e políticos europeus incorrem no enga-
Não temos água nem eletricidade. As estradas estão fe- no de pensarem que estes povos são fáceis de controlar
chadas. Ninguém pode levar os feridos aos hospitais", através de uma estrutura e de uma política de informa-
assim é descrita no HNA (de 9.8) a situação atual, por ção como acontece no Ocidente. O Ocidente tem bases
um cidadão de Kunduz. As estruturas municipais de- culturais diferentes (uma outra antropologia e socio-
mocráticas rudimentares desabam sem resistência. logia) e nelas a divisão do poder em religioso e secular
(A Deus o que é de Deus e a César o que é de César)!
No islão, religião e política encontram-se unidos fa-
zendo parte da identidade do cidadão, o que o torna
consequentemente, à sua maneira “democrático”: daí
a sua força ascendente num meio aberto como é ainda
o ocidente! Países ocidentais, onde os políticos têm até
vergonha dos seus próprios soldados, carecem da força
interior e da coesão que o Islão possui para sobreviver
a longo prazo (2).
O Ocidente, para ser consequente com os seus prin-
cípios humanistas culturais, terá agora de assumir a
responsabilidade da situação no Afeganistão e acolher
os refugiados afegãos.
Polícias demitem-se dos seus postos e tiram as suas O Ocidente comete o erro sistémico de atacar povos
fardas para não serem logo perseguidos pelos talibãs. no exterior em vez de defender o seu interior (povo).
Do sofrimento do povo não se fale. Junto a Cabul os Infelizmente a estratégia islâmica revela-se mais efi-
Talibãs já controlam as províncias Wardak e Logar. ciente porque mais natural.
Após 20 anos de presença militar do Ocidente e da Para termos uma ideia das consequências que terá a
sua retirada precipitada, os Talibãs retomam o país, transformação do Afeganistão numa teocracia (“esta-
sem respeitarem os acordos dos deveres relacionados do de Deus -Alá” regido segundo o Corão e a Sharia)
com a retirada da força militar ocidental. bastar-nos-á observar a expansão da intolerância e do
Constata-se que o poder religioso é mais forte que o terrorismo islâmico que se multiplicou, sobretudo em
poder dos militares, vendo-se estes obrigados a render- África, desde que o Irão se tornou numa teocracia is-
-se. Da retirada do ocidente verifica-se que mudanças lâmica.
sociais não podem ser
alcançadas nem garan-
tidas pela força militar.
Os talibãs podem até
rir-se dos intentos da
intervenção do Oci-
dente para implan-
tarem a democracia,
quando, propriamente
o que torna os Talibãs
fortes é a religiosidade
do povo (uma espécie
de para-costas e de le-
gitimação democráti-
ca!!!).
Os grupos extremis-
tas – que constituíram
sempre a ponta de lança avançada do Islão - apostam O extremismo islâmico revela-se como ponta de lan-
na religião e revelam-se contra a organização militar e ça do islão que, quer queiramos quer não, embora bar-
policial de Estados centrais pois o poder religioso das baramente, se revela eficiente pois é atualmente a cul-
bases garante-lhes o poder dos chefes regionais, o que tura em maior expansão. Para a História, o que conta
um poder central limitaria. Os extremistas islâmicos, são os resultados!
tal como os Talibãs servem-se da eficiência do poder O estratega Maomé sabia da eficiência da união de fé
político-religioso das bases e, neste sentido, dizia um e espada; o mesmo se observa no estado chinês que,
líder talibã que "os europeus e os americanos calculam por sua vez, de maneira laica, une a ideologia comu-
em anos, e eles em séculos". nista ao poder económico-político que se tem revelado
O Ocidente tem sido cúmplice nesta catástrofe, como como método de maior eficácia para a sua expansão.
se vê também onde interferiu com o argumento do fo-
mento e da defesa da democracia; os efeitos têm sido