AMERICANOS

A generalidade das pessoas, naturalmente, vive muito desatenta a quanto a rodeia, centrando a sua atenção no que diretamente se lhe impõe, ou nos seus interesses mais imediatos. Por ser esta a realidade, quase não se falou em certo estudo do jornal The New York Times, pelo qual se terá pretendido analisar a diversidade racial nos cargos de poder nos Estados Unidos.
Com graça, mas com muitíssimo mais receio, foi como me dei conta de que o referido jornal identifica que congressistas lusodescendentes são pessoas de cor.
E o jornal classifica como pessoas de cor os negros, os asiáticos e os latino-americanos.
Os restantes é que são de raça branca. De resto, no final do artigo, o jornal explica que no referido estudo o termo ‘hispânico’ é utilizado para pessoas de origem espanhola ou portuguesa, seja qual for a sua raça.
Este caso, que naturalmente nos espanta, mas também faz rir, comporta muito mais informação do que a uma primeira vista pode parecer.
Assim, num tempo em que se anuncia a falta de água no mundo, ou a de alimentos, as coisas podem vir, no futuro, a apresentar um comportamento similar ao que já se pôde ver com o petróleo, quando este era um produto estratégico de importância fundamental.
Perante uma escassez de água ou de alimentos, a guerra é uma possibilidade.
E se a isto juntarmos a atitude da supremacia branca nos Estados Unidos, fortemente hipertrofiada pela presença de Trump, O Bronco, na Casa Branca, percebe-se que uma distribuição futura de água e de bens alimentares, numa situação de carência profunda, pode muito bem levar a uma distribuição de tais bens suportada numa hierarquização com base na cor da pele, oficialmente decretada por quem disponha do poder (pela força) para o fazer.
Mais interessante é que o referido estudo classifica como brancos cidadãos com origens no Médio Oriente. E certo sociólogo expõe esta realidade, que custa percebe como ainda haja que dela duvide: considerar a cultura ibérica europeia como ‘não branca’ é um fenómeno exclusivo dos Estados Unidos.
E logo conclui com estas palavras: é um bom exemplo de como os limites do branco, bem como de outras categorias raciais, mudam com o tempo e o local e são moldadas por fatores políticos e sociais.
Uma realidade, mas a que eu junto este alerta: atenção, porque esta mudança está já a ter lugar, e vai crescer…

Escrito por Hélio Bernardo Lopes