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A VOZ DE PORTUGAL | 25 DE MAIO DE 2023 | 5 COMUNIDADE
Santo Cristo: Uma Festa Que Une
RICARDO PIMENTEL marcam o arraial das festividades, tudo organizado nos últimos anos pelos membros da Associação Sau-
e programado com meses de antecedência para que dades da Terra Quebequente, têm promovido ao longo
inalmente chegou o dia de cele- nada falhe e para que todos tenham momentos de pro- de décadas, o encontro das famílias e amigos, fomen-
brar o Senhor Santo Cristo na
Fcidade de Montreal.
Esta festa religiosa, celebrada no final
de semana que antecede o Victoria´s
Day, marca o calendário religioso da Missão de Santa
Cruz e a agenda cultural da comunidade portuguesa.
Os dias 20 e 21 de Maio deste ano foram pequenos
para abraçar a alegria e a fé que brotaram do coração e
da alma dos portugueses, particularmente dos açoria-
nos. Na verdade, as Festas em Honra do Senhor San-
ximidade com Deus e com os outros, vividos na ale- tado a religiosidade e cultura popular e semeando o
gria de estar juntos. espírito de voluntariado entre as novas gerações.
O ambiente é saudável e todos se reúnem à volta da Note-se que a primeira festa foi realizada no dia 15 de
to Cristo, sempre muito concorridas e participadas, Imagem do Senhor Santo Cristo: filarmónicas, grupos Maio de 1966 e que, pese embora as suas raízes micae-
conseguem operar uma simbiose perfeita entre a fé, a folclóricos, grupos corais, acólitos, equipes de orna- lenses, continua a marcar a comunidade portuguesa
cultura e a língua, pilares fundamentais da identidade mentação e limpeza, associações, conjuntos musicais, radicada na província do Québec.
e garantes do sentido de pertença de qualquer comu-
nidade ou povo.
Graças às solenidades religiosas e aos rituais profanos
a elas associadas, a cultura portuguesa vai-se arreigan-
do no coração dos mais novos que, não obstante serem
nativos do Canadá, orgulhosamente afirmam-se por-
tugueses e açorianos.
O sentido de pertença é colossal, talvez por viverem
numa sociedade multicultural onde é fácil sentir-se
diluído. Durante as Festas do Senhor Santo Cristo res-
pira-se e compreende-se bem o sentido da expressão:
“a gente sai da ilha, mas a ilha não saiu de nós;” ou no
dizer o grande Daniel de Sá, escritor micaelense, “sair
da ilha é a pior maneira de ficar nela.”
As festividades seguiram o seu programa tradicional
no seu dia maior. Celebrou-se uma Eucaristia Sole-
ne, presidida pelo Padre Jason Reis Gouveira, Pároco
das Bretanhas, Ilha de São Miguel, e pelas 16 horas a
procissão percorreu algumas artérias da cidade. Per-
cebe-se que a devoção ao Senhor Santo Cristo, dada
organismos de todas as índoles, voluntários anónimos O Senhor Santo Cristo aqui foi celebrado sem polé-
e muitos benfeitores. O trabalho de bastidores é enor- micas, sem sacrifícios de sangue e com plena consciên-
me e eloquente porque silencioso. cia que é de todos e para todos.
Momentos como esses, primorosamente preparados
a multidão que acompanha a imagem na procissão de
Domingo, é transversal a todo o povo português, inde-
pendentemente da origem ou faixa etária.
O bazar, os petiscos, os cheiros e sons da tradição