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A VOZ DE PORTUGAL | 2 DE NOVEMBRO DE 2023 DESPORTO 13
Mais uma Andorinha...
CHRISTINA DE SOUSA colher experiências e pessoal inúteis, e outras
vezes fico melhor com uma conversa rapidi-
la Andorinhas, este fim de nha rodeada de luz, como essas conversas te-
semana tive a falar ao tele- sourando com a minha mãe! Conversas sobre
Ofone com a minha mãe, Na- as varias escolhas da nossa vida.
talia Carreiro, também uma grande Eu gosto verdadeiramente de partilhar pala-
Andorinha. Eu gosto de tesourar, e vras, arte e momentos livres ao telefone, em
ela ouve as minhas histórias daqueles e daquelas... pessoa e em também em escrito através do
‘Tesourar’ e uma palavra que inventamos para dizer jornal A Voz de Portugal. Depois, daquelas
'Falar da vida dos outros'. Eu aprecio muito as nos- duas experiências estúpidas que tive... eu con-
sas conversas ao telefone, e esse tempo que passamos firmo que gosto também de passar muitos momentos Isso tudo me faz bem ao meu coração. Acho essa li-
juntas. sozinha... tantos! Mas também adoro estar com amo- berdade também no meu estúdio de artista, sozinha,
A minha mãe partilha isso e aquilo que ela gosta de res e artistas nessas ruas desse lindo Montreal. com as minhas pinturas, e às vezes em cantigas tris-
fazer, e outras vezes, a gente também não vê as coisas Devíamos ter todos a oportunidade para descobrir tes… Também acho a luz rodeada de colegas lindas da
da mesma maneira. Mas aprecio esse jeito de falar ao o que nos dá prazer. Eu tive alguns momentos… mas minha escola com conversas cheias de emoção.
telefone ou tomar um cafezinho juntas e acho muito acho que eu precisava ainda de mais oportunidades Mas eu tenho outros momentos que passo na com-
bonito passar um momento juntas. para brincar e descobrir. No movimento do dia-a-dia, panhia de amores e artistas, e nesses momentos eu
As vezes, eu a arrumar as compras e preparar comida hoje e no passado, não tive tempo. Talvez sentimos to- acho também o prazer de brincar outra vez… e o calor
para os meus e ela também a prepara para uma saída dos a vontade de ter mais tempo? Por isso, acho triste, dá liberdade. Não sou capaz de viver, sem esses mo-
de mota ou um almoço com o meu pai num restau- adultos que escolhem sempre o que dá jeito aos outros. mentos um pouco perdidos, sem razão… porque já
rante. Tem sempre uma esperança que para a semana Não posso, o meu ‘agora’ é tão importante. E como a experimentei e acredito, que eu não estava bem. Então
de repente temos mais um tempinho para tomar um minha mãe, eu escolho o melhor para mim; situações continuo com uma chamada aqui e acolá, e, outro ca-
café ou para fazer uma saída, mas a vida não dá sem- que me fazem mais forte e pessoal que me fazem cres- fezinho, mas dessa vez com tempo para os momentos
pre para isso, e é saudável para todos e é melhor assim. cerem. onde o calor está ao 'menu', mesmo se esse frio do Ca-
Escolher o que gostem de fazer com o nosso tempo, e Eu aprendi que eu tenho que ser livre com amores, nadá está batendo à porta. Espero que vocês também
a minha mãe é um exemplo da importância de terem amizades e artistas daqui e dali. Não consigo estar tenham esse momento só para vocês, de repente sem
essa escolha. sempre a fazer a mesma coisa... nem estar sempre com razão nos olhos dos outros, mas com necessidade.
Ela escolheu voltar à escola com 3 adolescentes em o mesmo pessoal. Sexta-Feira passado andei de Vespa com um amor de
casa, eu e ela, aprendemos a mesma matemática quan- E, escolho essa liberdade em momentos muitos sim- uma pessoa para o Festival MAPP. O frio daquela noi-
do eu tinha 16 anos. Ela saiu duma fábrica para esco- ples como andar de Vespa com a minha Clarinha para te, e derepente não tinha força nenhuma contra eu e
lher ser uma profissional que trabalha com VIP’s desse o China Town, à procura de doces. Também acho isso ela, juntas naquela Vespa livres e quentes. Sem casacos
Quebec. Ela também escolheu andar de Harley David- em arenas frias desse Montreal a ver o meu Luca tão para nos aquecer, mas com os corpos cheios de amor.
son, uma mota bem pesada que parece leve nos braços forte a jogar hockey. Acho esse prazer de viver, a tomar Um momento que me fez esquecer a má sorte do pas-
fortes e o espírito independente da minha mãe. um cafezinho ao Café Itália com o meu Italiano calmo sado, e lembrou-me a sorte que eu tenho de escolher
Eu estou a aprender que às vezes perco o tempo a es- e quieto. a amizade com ela. Até a próxima Andorinhas lindas!