Bonjour Campeão

‘Bonjour´’ Campeão. Foi assim que o País e o Mundo acordaram no dia 19 de Maio, depois de consumada a reconquista pelo Sport Lisboa e Benfica.
Após o apito final da derradeira partida que opôs o clube da Luz ao Santa Clara dos Açores, o fogo de artifício, os cachecóis, as bandeiras e sobretudo a alegria de um povo, saiu à rua pintando um País de vermelho e branco, comemorando o 37º título de campeão nacional da Liga maior do nosso futebol.

Com uma segunda volta do campeonato quase irrepreensível, onde em 19 partidas a equipa do Benfica averbou 18 vitórias e um empate, aos comandados de Bruno Lage, o arquiteto desta empreitada, viram ainda todo um povo a festejar consigo tudo aquilo que conseguiram conquistar dentro das quatro linhas.

Na verdade, a nação benfiquista está, de parabéns. E está de parabéns por duas razões: a primeira porque soube ultrapassar as adversidades que se lhe foram deparando pelo caminho; a segunda porque teve a arte e engenho para unir o “exército” encarnado à volta da sua equipa. Nunca, durante a segunda metade da prova rainha do nosso futebol se viu os adeptos, esse tal 12º jogador, assobiar ou denegrir a prestação da sua equipa.

Ao invés, nas horas de menor acerto (e foram alguns resultados que o Benfica teve de correr atrás deles para os virar a favor), os adeptos disseram presente, encheram as bancadas e puxaram pela equipa, como estiveram na festa de Norte a Sul, passando pelas Ilhas e terminando na diáspora portuguesa espalhada pelos quatro cantos do mundo. Festejos dignos de campeão que muitas vezes são bem longe do país de origem, momentos de enorme felicidade para quem tem de vencer na vida num país de acolhimento. É certo que não existem festejos sem alguns excessos, mas nada de assinalável se passou com a nação benfiquista a demonstrar que se pode festejar sem ofender.

Mas voltamos à prestação da formação benfiquista. Quer se queira quer não, não poderemos deixar de incluir o ex-treinador Rui Vitória nesta reconquista até porque Vitória entra diretamente para o segundo lugar do ‘ranking’ dos treinadores com mais campeonatos lusos, apesar de ter deixado o clube algo debilitado aquando da sua saída.

Mas uma sensacional recuperação protagonizada pelo treinador Bruno Lage, numa aposta clara de Luís Filipe Vieira, rapidamente a equipa deixou para trás os aspetos menos bons que o clube vinha a viver. Lage, no seu jeito calmo e tranquilo, com um discurso coerente e acertado, levou o Benfica à conquista do campeonato. Claro que deve ter tido dificuldades, mas essas como o próprio foi afirmando ao longo da época, são inerentes à profissão de treinador, que tem de gerir homens e Lage teve de gerir para além de homens, um conjunto de jovens jogadores que promoveu à equipa principal que como todos nós sabemos tem o “sangue quente” e uma irreverência por vezes difícil de controlar. Mas o técnico soube sempre passar as sua ideias à equipa, aquilo que pretendia dela ao mesmo tempo que foi conseguindo controlar o ímpeto dos adeptos que agora explodiram de alegria.

Em suma, Lage conseguiu levantar a nação benfiquista que já estava ávida de festejar um título.

TEXTO: JOSÉ COSTA