A primeira visita da Carminho em Montréal data de Novembro de 2015 onde tinha encantado o público que descobria a sua voz profunda, potente e emocionante. Voltou numa sala repleta, para uma única atuação no Teatro Outremont, no passado domingo 10 de Novembro, enquadrada na sua digressão mundial, para apresentar o seu último trabalho “Maria”, gravado em 2018.
Nesta digressão, que teve início em Setembro por vários países da Europa, efetuou 12 concertos em 14 dias de viagem pela Bélgica, Holanda, Liechtenstein, Suíça e Alemanha, antes de viajar para outros continentes: Shangai na China, nos USA, New York e Boston na passada sexta-feira, Toronto no sábado e Montréal neste passado domingo 10 de novembro. A digressão irá prosseguir para a costa oeste americana (Los Angeles, San Francisco e Washington entre outros) para terminar no Brasil, antes de, no início de 2020, voltar novamente para a Europa: Espanha, França e Alemanha. Acompanhada por um quarteto de músicos fenomenais: Luís Guerreiro na guitarra Portuguesa, Flávio Cesar Cardoso na viola, Tiago Maia no baixo e Filipe Cunha Monteiro no “pedal steel guitar” bem como na guitarra eléctrica.
Num concerto sem intervalo, que durou cerca de 1h30, Carminho encantou o público presente dirigindo-se aos espectadores em Português e essencialmente em Inglês, já que a maioria do público presente era Canadiano, apresentando 16 temas que ela interpretou e explicou cada um deles, assim como o que era o Fado e de onde vinha. Enquanto imerso na essência da tradição histórica do fado, o mais recente álbum da Carminho é uma obra musical encantadora que demonstra suas habilidades como criadora e intérprete de um fado mais contemporâneo e emocionante. É esse talento, que aliado a uma voz cativante, refletindo emoções intensas, além de sua sensibilidade musical inata, que diferencia Carminho como artista de fado e a coloca entre os principais artistas desta nova geração. Se falar de Fado é falar de Portugal, entender Fado é entender Portugal. Fado é uma forma de música secular única em Portugal e para o mundo.
O Fado, tal como o conhecemos, tem pouco menos de duzentos anos, mas as tradições musicais em que se baseia remontam à época em que o Reino de Portugal foi formado em 1143.
Formas musicais derivadas de vários ocupantes da península Ibérica; Gregos, Celtas e Visigodos que contribuíram para a cultura portuguesa. Outras fontes significativamente influentes foram as trazidas pelos Mouros e Judeus, que durante séculos fizeram parte integrante da vida portuguesa.
Com o desenvolvimento dos novos artistas da Era Moderna, bem como das tecnologias de gravação, comunicação e divulgação, o fado teve um aumento na sua audiência e divulgação a nível Internacional.
A letra de um dos primeiros fados declamados: “Ninguém é um fadista quem quer ser um, apenas porque um dia eles cantam um fado. Para ser um fadista, é preciso ter o coração e a alma presos na garganta”. Esta é a maneira portuguesa de declarar que é a capacidade de transmitir sentimentos e emoções que é a chave para grandes artistas de fado e nesse aspeto Carminho declama a poesia e ao mesmo tempo, vive aquilo que está dizendo como se saísse do seu interior.
Os “shows” dos diversos artistas atuais têm preenchido salas não apenas em toda a Europa, mas também nas Américas do Norte e do Sul e cada vez mais em partes do continente Asiático.
De entre a atuação da Carminho que foi extraordinariamente bem concebida e apresentada, destaco o tema “Estrela”, na qual Carminho se auto-acompanhou à viola eléctrica.
Sem tirar valor aos restantes músicos, não poderia deixar passar sem mencionar as atuações a solo de Luis Guerreiro na guitarra Portuguesa e de Tiago Maia no baixo.