CRÓNICA AO SABOR DA VIDA: LUIZ SARAIVA

Quem não conhece o Luiz Saraiva? Homem de múltiplos talentos, envolvido nas mais diversas actividades culturais, com uma personalidade muito vincada que lhe granjeou alguns dissabores mas também um grande reconhecimento tanto da nossa comunidade como da sociedade artística quebequense.
Quando há alguns meses me mencionou que iria publicar quatro livro dum jacto, fiquei um pouco surpreendido e, confesso, um pouco incrédulo. Em todo o caso, indiquei-lhe uma tipografia capaz de realizar o seu projecto. Pois, dito e feito, os livros já estão impressos e apenas aguardam o fim da pandemia para serem apresentados ao público.
O primeiro que veio a lume tem o sugestivo e interpelante título “Quem sabe? Serei um poeta?” Sim, é poeta e muito mais, a avaliar pela recheada biografia que se segue.

Luiz Saraiva nasceu em Lisboa. Estudou no Conservatório de Lisboa e fundou o grupo de teatro “Teatro de bolso do Barreiro”.
Em Paris frequentou a École du Théâtre National Populaire e École du Théâtre des Nations e fundou a companhia Le Petit Théâtre d’Art Populaire.
Acabou por emigrar para o Canadá há cerca de 50 anos. Criou o Departamento de Teatro da Universidade de Moncton (New Brunswick). Em Montreal criou a companhia de teatro Théâtre de Polichinelle, à qual se seguem, o Théâtre d’Art du Québec e a École de Théâtre de Laval.
Dedicou a sua vida ao teatro na vertente da educação, sendo pioneiro na integração do teatro no ensino, fazendo digressões anuais de teatro multidisciplinar nas escolas primárias e secundárias do Quebeque, Ontário e Nova Brunswick, para além de festivais de teatro como o de Rimouski.
Artista polivalente, participou em filmes, espectáculos na televisão, recitais de poesia, marionetes, mímica, etc.
Criou vários vídeos pedagógicos de teatro, marionetes e teatro de sombras para a juventude. Em parceria com a sua mulher, publicou uma compilação de peças de teatro (26 volumes com cerca de 40 textos) intitulada “Drame et comédie”.

Agora que a idade começa a avançar, Luiz Saraiva sentiu a necessidade de nos quatro livros agora publicados fazer, de certa forma, o seu testamento cultural para que a comunidade possa, futuramente, guardar a memória dum homem integro, esforçado, exemplar, que se dedicou de alma e coração às artes e às letras e que, na sua peregrinação pelo mundo, nunca esqueceu a pátria e a língua portuguesas.

Escrito por Manuel Carvalho