Todas as ilhas dos Açores têm a sua forma muito peculiar de celebrar estas festas, sendo de realçar a ilha de St Maria, Terceira, São Jorge e o Pico, onde o carácter festivo do Açoriano, se manifesta de forma mais humana.
Em São Miguel, tais festividades têm como principal motivo, o terramoto de 1522 que arrasou Vila Franca do Campo, levando o povo micaelense a implorar a divina proteção. Contudo, foi com D. Manuel da Câmara, 1º Conde da Ribeira Grande, que as festas do Espírito Santo passaram a ser celebradas com maior pompa e circunstância, por causa do nascimento do seu único filho D. José de Câmara, visto que tal acontecimento foi atribuído à divina intervenção. Atualmente não existe freguesia em todo o arquipélago que não tenha a sua irmandade, uma espécie de confraria formada por irmãos, que todos os anos sorteiam os cargos dos mordomos para o ano seguinte.
Os irmãos que tiverem as seis primeiras domingas, têm a responsabilidade de realizar a sua respetiva coroação ornamentando, para tal, o melhor quarto da casa que irá receber a coroa, e rezar diante do altar desta, o terço todos os dias à noite.
É na sétima Dominga que a festa do Espírito Santo atinge o seu auge, altura em que o mordomo, ou imperador, tem a seu cargo, não só a coroação, mas também a organização da dispensa, a distribuição das pensões, a função na igreja e o império. São sete os dons do Espírito Santo: a sabedoria, o entendimento, o conselho, a fortaleza, a ciência, a piedade e o temor de Deus. Pertence em plenitude a Cristo, filho de David.
Completam e levam á perfeição as virtudes de quem as recebe. Tornam dóceis os fiéis na obediência às inspirações divinas. Os dons do Espírito Santo não são concedidos às pessoas apenas para sua felicidade pessoal no contexto da economia divina, eles são concedidos para o bem da sua comunidade, para o bem de toda a igreja e para o bem do mundo inteiro. A festa e o culto ao Divino Espírito Santo, abrangem todas as ilhas e toca na alma e na cultura de todos os Açorianos, é a mais pura e sincera identidade Açoriana.
TEXTO: JORGE MATOS
FOTOS: HUMBERTO CABRAL