Na hora em que corria o perigo de entregar as faixas, os dragões agarraram-nas e foram para a cama dormir abraçados a elas.
O FC Porto goleou, por 5-1, o aflito Farense e, numa época de sobressaltos internos, voltou a sentir a sensação de ter uma noite descansada.
De início, Sérgio Conceição apresentou três mudanças no onze: João Mário, que deu nas vistas como lateral direito na Luz, foi titular pela segunda vez na Liga – derivando Manafá para a esquerda com o sacrifício de Zaidu –, Grujic surgiu no lugar do castigado Sérgio Oliveira e Marega ficou sentado no banco, um dia depois de ter sido oficializada a sua saída a custo zero para o Al Hilal, com Toni Martínez a fazer companhia a Taremi no ataque.
Às alterações, a equipa respondeu com um futebol fluído, ajudada também pelas incidências favoráveis da partida. O FC Porto entrou em campo praticamente a vencer, com Taremi a converter o penálti desastradamente concedido aos 3m de jogo pela mão na bola de Licá. Depois, o iraniano isolou Toni Martínez para o segundo aos 14m, após uma recuperação de João Mário a aproveitar um mau passe de Tomás Tavares. E de seguida, aos 20m, Taremi voltou a isolar Luis Díaz, que surgiu na área a rematar em arco para o terceiro.
A primeira parte não ia a meio e o FC Porto já vencia por 3-0. Jogo encaminhado? Sem dúvida. Ainda mais quando aos 29m Bilel Aouacheria teve uma entrada duríssima sobre Manafá e acabou expulso, com recurso ao VAR.
Nem o golo anulado ao Farense em cima do intervalo ao Farense haveria de sobressaltar o Dragão. O mote estava dado para um segundo tempo dedicado à gestão física e controlo do jogo.
O Farense de Jorge Costa, penúltimo classificado da Liga, tentou a sorte em algumas transições rápidas, sem contudo fugir o seu destino. Vinte anos depois, os «Leões de Faro» estrearam-se no Dragão, mas não evitaram o histórico negro quando jogam em casa do FC Porto: 25.ª derrota noutros tantos jogos.
Taremi haveria de voltar, pois claro. Para bisar aos 60m, para sair minutos depois de uma exibição que teria direito a vénias do estádio se houvesse público nas bancadas.
Outra exibição a merecer aplauso foi a do jovem lateral adaptado João Mário, coroada com a autoria do quinto golo, que só não igualou a melhor goleada da época frente ao Boavista, no Bessa (na 2.ª jornada), porque Licá haveria de fazer o tento de honra dos algarvios em cima dos 90m.
Os dragões passaram a ter vantagem (provisória) na diferença de golos sobre o Benfica, em caso de uma eventual e cada vez mais remota igualdade pontual pelo segundo lugar.
Essas são as outras contas do jogo desta noite de um jogo em que a dupla missão foi cumprida: o FC Porto colocou pressão sobre o Benfica, que não pode perder amanhã com o Nacional para não dizer já adeus à entrada direta na Liga dos Campeões, e salvou o tal «match point», que entregaria antecipadamente o título ao Sporting.
O ainda campeão puxou dos galões para adiar a festa do rival e segurou as faixas no peito, como quem diz: «Só mais uma noite.»
Amanhã é outro dia.