No dia 26 de setembro tivemos a notícia da publicação de um novo livro disponível através do Quebec nas livrarias. Michael Gouveia é filho de imigrantes açorianos, nascido em Montreal e vivendo em Laval. Escreveu um romance sobre a herança portuguesa como imigrante de segunda geração, é um livro sobre a identidade, o esquecimento da língua materna, a nostalgia do país dos seus pais e, é uma última análise, o amor entre um filho e os seus pais.
Este romance chama-se, O Herdeiro, “L’HÉRITIER” e é publicado pela companhia Poètes de brousse Prose.
Aqui é um resumo da história geral deste lindo livro: “João Silva nem sempre sabe pronunciar o seu primeiro nome para que seja compreendido pelos seus interlocutores ou o que fazer com os legados que lhe pesam; algures entre a transmissão da cultura portuguesa dos pais e a integração na sociedade quebequense, ele lida com o esquecimento da língua materna e a saudade de um país que nunca visitou.
O Herdeiro relata a construção da identidade de um imigrante de segunda geração e sua trajetória repleta de promessas e incertezas, colorida pelo abismo da ansiedade social e pela força do amor filial.
Escola, vergonha, religião, filosofia, linguagem, mundo do trabalho, vida social, jogos da Seleção, lembranças; a busca de si aqui segue as idas e vindas da esperança, multiplica tentativas e erros, abraça toda a confusão da existência”.
“QUAND J’ÉTAIS PETIT, le Portugal était partout autour de moi. Il s’invitait à table avec les natas, le bacalhau, les bifanas. II résonnait dans la piàce grâce à la voix d’Amália. Rodrigues à la radio, puis il apparaissait à la télé grâce aux exploits de Luís Figo… Il orientait nos sorties en ville, affichant fièrement son drapeau sur les petits commences du boulevard Saint-Laurent. Et surtout, il se trouvait sur le visage de ma mère. Le Portugal lui allait bien. Le Portugal, c’était voir ma mère heureuse.
J’aimais l’accompagner à la boulangerie portugaise sur la rue Gounod, un lieu chaleureux où elle pouvait laisser sa gêne à la porte et prendre ses aises ; elle devait parfois articuler lentement ses mot pour bien se faire comprendre, mais ici, à la padaria, elle parlait librement, le coeur léger, sans craindre d’avoir un accent qu’on jugerait trop prononcé. Elle ouvrait la conversation avec la boulangère et les autres clientes qui étaient bien souvent des connaissances de longue date, et ce qui ne devait être qu’une simple commission prenait alors des allures de grande réunion : on se faisait la bise, on se renseignait sur la situation de l’interlocu-trice, on prenait des nouvelles de sa famille, on évoquait les événements du passé et les projets de l’avenir, on parlait de la neige et du beau temps, on commentait la qualité des produits, on partageait des recettes de cuisine, on s’échangeait même quelques conseils de vie et, éventuellement, on se quittait en se souhaitant la santé. Les conversations des adultes avaient tendance à s’éterniser, à la padaria”.
Esta é uma curta passagem do livro “L’HÉRITIER” que já está disponível desde e semana passada.
Boa leitura!