Num 2023 marcado pelas greves dos sindicatos de argumentistas e atores de Hollywood, o monólogo de abertura do anfitrião Jimmy Kimmel refletiu precisamente esta realidade. Tomaram o palco as equipas técnicas, elogiou-se a luta sindical em Hollywood; falou-se em inteligência artificial e trocadilhos não faltaram. Depois das notícias das 14h, na Antena 1, Tiago Alves, Rui Alves de Sousa e João Lopes olham para os grandes vendedores e derrotados da noite.
O primeiro Óscar da noite foi para Da’Vine Joy Randolph, que levou a estatueta de Melhor Atriz Secundária pela sua prestação em “Os Excluídos”. Depois da vitória de Justine Triet e Arthur Harari pelo Argumento Original de “Anatomia de Uma Queda”, uma surpresa: Cord Jefferson recebe Melhor Argumento Adaptado por “American Fiction” e deixa um recado à indústria: “Em vez de fazer um filme que custem 200 milhões de dólares, façam dez filmes de 10 milhões, ou 50 filmes que custem 4 milhões”.
Nas categorias técnicas, “Pobres Criaturas” venceu Melhor Caracterização, Direção Artística e Guarda-Roupa. No final da noite, Emma Stone acabou por ganhar Melhor Atriz Principal, fechando o número final de 4 Óscares para o filme de Yorgos Lanthimos.
Depois de um bem disposto bate-boca entre Emily Blunt e Ryan Gosling, que trocaram farpas sobre o fenómeno Barbenheimer, abriram-se as portadas para as vitórias do filme de Christopher Nolan: o Melhor Ator Secundário Robert Downey Jr. agradeceu à sua “infância terrível” por tê-lo permitido chegar onde chegou. De seguida, foram vários os momentos em que a equipa de “Oppenheimer” subiu ao palco. Reuniram, ao todo, 7 prémios, incluindo Montagem, Fotografia, Som, Banda Sonora Original.
Cillian Murphy foi o Melhor Ator Principal e agradeceu, no mundo da bomba atómica deixado por Oppenheimer, aos “peacemakers“, e Christopher Nolan recebeu o primeiro Óscar da carreira enquanto realizador: “O cinema tem pouco mais de 100 anos — saber que sou uma parte significativa disso é muito importante para mim”.
Para “Barbie”, sobrou apenas o Prémio de Melhor Canção Original para “What Was I Made For?” — é o segundo Óscar de Billie Eilish e Finneas que, em 2022, receberam a estatueta por “No Time To Die” (“007 – Sem Tempo Para Morrer).
Foi também uma noite para statements políticos: no discurso da vitória de Melhor Filme Estrangeiro, Jonathan Glazer, realizador de “A Zona de Interesse”, condenou a guerra Israelo-Palestiniana, e a Melhor Longa-Metragem de Documentário, “20 Days in Mariupol”, marcou o primeiro Óscar na história da Ucrânia.
John Cena nu nos Óscares deixou “aterrorizados” responsáveis do canal ABC, revela Jimmy Kimmel
Jimmy Kimmel revelou alguns dos segredos dos bastidores dos Óscares no seu programa na segunda-feira.
O anfitrião pela quarta vez da cerimónia partilhou com o seu público como se divertiu com a forma como Arnold Schwarzenegger pronunciou “Godzilla” e com Ryan Gosling a cantar ‘I’m Just Ken’, mas concentrou-se na homenagem aos 50 anos de um dos momentos mais bizarros na história dos Óscares, quando um homem conseguiu infiltrar-se na 46.ª cerimónia, em 1974 e correu nu pelo palco quando o anfitrião David Niven se preparava para anunciar Elizabeth Taylor para apresentar Melhor Filme.
“Mudei de ideias. Não quero fazer a parte do homem nu [streaker]. Não me sinto bem com isso. É um evento elegante, devias ter vergonha neste momento por sugerires uma piada de tão mau gosto”, dizia John Cena, só com a cabeça para fora no canto do palco, mas sem camisa e com ar comprometido. Kimmel respondia que aquele segmento “era para ter piada”, o que levou Cena a reagir: “O corpo masculino não é uma piada!” Eventualmente e perante as gargalhadas do público e um envelope gigantesco, o ator entrou mesmo em palco e, com um ‘timing’ perfeito, disse: “As roupas são… tão importantes”.
“Conseguir fazer isto… de todas as vezes que apresentei os Óscares ou os Emmys ou algo do género, nenhum segmento de comédia recebeu mais escrutínio do que isto”, explicou Kimmel.
“Antes de mais, diria ‘Parabéns, John Cena. A comoção que causaste. Muito raramente uma ideia literalmente passa os limites do envelope e esta conseguiu”, acrescentou, num trocadilho com o ‘push the envelope’ no sentido de ‘tentar algo novo ou mais extremo’.
Kimmel disse que, após todo o debate, foi colado “tudo o que podia ser colado”, mas sendo tudo em direto, sem qualquer possibilidade de esconder, os executivos ficaram “aterrorizados” quando Cena teve de andar para o palco.
Com o ator “embaraçado” a dizer que não podia abrir o envelope, Kimmel regressou para dizer ‘E os nomeados são’, com a transmissão cortou para uma montagem dos cinco nomeados para o Óscar de Melhor Guarda-Roupa.
Conheça todos os vencedores da 96.ª cerimónia dos Óscares.
Melhor Filme: Oppenheimer
Melhor Realizador: Christopher Nolan (Oppenheimer)
Melhor Ator Principal: Cillian Murphy (Oppenheimer)
Melhor Ator Secundário: Robert Downey Jr. (Oppenheimer)
Melhor Atriz Principal: Emma Stone (Pobres Criaturas)
Melhor Atriz Secundária: Da’Vine Joy Randolph (Os Excluídos)
Melhor Argumento Original: Anatomia de uma Queda
Melhor Argumento Adaptado: American Fiction
Melhor Filme Estrangeiro: A Zona de Interesse (de Jonathan Glazer, Reino Unido)
Longa-metragem de Animação: O Rapaz e a Garça
Melhor Curta-Metragem de Animação: War Is Over! Inspired by the Music of John & Yoko
Melhor Montagem: Oppenheimer
Melhor Fotografia: Oppenheimer
Melhor Som: A Zona de Interesse
Design de Produção: Pobres Criaturas
Melhor Caracterização: Pobres Criaturas
Melhor Guarda-Roupa: Pobres Criaturas
Melhores Efeitos Visuais: Godzilla Minus One
Melhor Curta-Metragem: A Incrível História de Henry Sugar
Melhor Documentário: 20 Dias em Mariupol (Mstyslav Chernov, Michelle Mizner e Raney Aronson-Rath)
Melhor Curta-Metragem Documental: The Last Repair Shop
Melhor Banda-Sonora Original: Oppenheimer
Melhor Canção Original: What Was I Made For (Barbie)
Melhor Som: A Zona de Interesse