Mérito desportivo será o critério da UEFA para os “casos especiais”

Dois dias depois de realizar uma sessão informativa com as 55 federações filiadas, a UEFA reuniu ontem o seu comité executivo por videoconferência.
Após analisar as actualizações dos grupos de trabalho criados em parceria com a Associação Europeia de Clubes, Ligas europeias e FIFPro Europa, o organismo presidido por Aleksander Ceferin reiterou o apelo para que “as federações e Ligas explorem todas as opções possíveis para concluir todas as competições nacionais”, mas se, por “motivos legítimos”, tal não for possível, a UEFA deixou uma certeza: o mérito desportivo em 2019-20 é o critério que deve ser seguido. A proposta foi colocada em cima da mesa pela Espanha, na passada terça-feira, durante a sessão informativa.
Com a UEFA a deixar em aberto a possibilidade de haver “casos especiais” que obriguem ao cancelamento de algum campeonato, Luis Rubiales, presidente da federação espanhola, sugeriu que, perante essa possibilidade, a atribuição das vagas para provas europeias de 2020-21 fosse feita pela respectiva federação com base nos actuais coeficientes dos clubes no ranking da UEFA. Se os argumentos de Rubiales fossem acolhidos, em Espanha o Atlético de Madrid seria um dos clubes beneficiados, uma vez que, ao fim das 27 jornadas cumpridas, está fora dos quatro primeiros classificados que garantem o acesso à Liga dos Campeões.
Na Premier League, o favorecido seria o Manchester United, que entraria na Champions à custa do Leicester. Em Portugal, os efeitos seriam nulos: tal como na Liga portuguesa, o FC Porto (18.º) está um lugar à frente do Benfica no ranking da UEFA.
Porém, para o comité executivo da UEFA, esta é uma possibilidade descartada. Segundo as directrizes aprovadas sobre os princípios de elegibilidade para as competições europeias de 2020-21, a admissão às competições de clubes da UEFA deve ser “sempre baseada no mérito desportivo”.
Desta forma, a UEFA “reserva-se o direito de recusar” qualquer “clube proposto por uma federação”, se este for escolhido “após um procedimento que não tenha sido objectivo, transparente e não-discriminatório” ou se existir “a percepção pública de injustiça na qualificação do clube”.
De qualquer forma, apesar de o guia de instruções para os “casos especiais” estar já definido, se não existir uma “ordem oficial a proibir eventos desportivos” ou “inultrapassáveis problemas económicos”, o “plano A” da UEFA continua a ser o da conclusão de todas as provas nacionais que dão acesso às competições europeias, sendo que, no cenário perfeito para Aleksander Ceferin, caso a situação de pandemia de covid-19 o permita, os campeonatos devem ficar concluídos até 3 de Agosto, possibilitando que nas três semanas seguintes sejam disputadas as eliminatórias que faltam completar nas provas da UEFA — a final da Liga Europa foi remarcada para 27 de Agosto e a da Liga dos Campeões para dois dias depois.
Pagamento antecipado Para além de definir as directrizes sobre os princípios de elegibilidade para as competições europeias, o comité executivo da UEFA decidiu também atribuir, com efeitos imediatos, os pagamentos relativos aos benefícios dos clubes relacionados com a sua contribuição para o processo de qualificação das competições de selecções.
Com base no mecanismo de distribuição aprovado, 70 milhões de euros serão repartidos com prontidão pelos clubes que cederam jogadores durante a fase de qualificação para o Euro 2020 e a participação na Liga das Nações, ficando reservados mais 130 milhões para entregar às equipas que cederam atletas para a fase final do Europeu, que será disputado apenas no próximo ano.
Segundo a UEFA, “estes pagamentos vão ajudar um número muito elevado de clubes em toda a Europa e fornecerão oxigénio vital num momento crítico”. No total, 676 clubes de 55 federações receberão quantias que variam entre os três mil e os 630 mil euros pela sua contribuição.
A lista completa das formações beneficiadas, tal como o valor total recebido por cada uma, serão comunicados só após o final do torneio.