Os dias de Darwin, o matador da Liga

Darwin, o matador da Liga. Melhor marcador da Liga, o avançado uruguaio do Benfica foi a figura do dérbi que reanimou a luta pelo segundo lugar e que deixou as contas do título praticamente arrumadas. A festa do FC Porto parece estar por Dias, com nove pontos de vantagem e doze por disputar. É o conforto de quem viu do sofá um dérbi em que o Benfica voltou a deixar claro aquilo que o deixa confortável. Ao Sporting não faltou vontade, mas a clarividência foi manifestamente curta para os labirintos do jogo, até porque alguns dos habituais indiscutíveis da equipa têm deixado esse estatuto em debate.

A diferença entre o Benfica da Liga e da Champions nunca esteve na atitude ou na motivação. Esteve sempre
no contexto tático, se tivermos em conta que os duelos europeus permitiam que a equipa jogasse mais
na expectativa. Como se sente mais confortável. Vale a pena recordar que, mesmo Jorge Jesus, entre
as dificuldades sentidas por no regresso à Luz, a dada altura encontrou estabilidade com o recurso a três centrais. Nélson Veríssimo não foi propriamente por aí, até porque Lucas Veríssimo continua lesionado, mas também fez da coesão defensiva a sua principal marca. E neste dérbi de Alvalade recorreu muitas vezes a uma última linha com cinco elementos, através do recuo de Diogo Gonçalves para fechar o lado direito.

Essa faceta conservadora também pode ser curta, como atesta a classificação do Benfica, mas em determinados jogos tem a medida certa para proteger as lacunas e potenciar as virtudes. Para esconder as limitações de Otamendi e Vertonghen a controlar a profundidade, mas também para aproveitar a acutilância de Darwin Nunez a atacar o espaço.

Foi assim que o Benfica chegou à vantagem, ao minuto 14. Um passe longo de Vertonghen destapou as lacunas do lado contrário, onde Coates e Neto foram demasiado lentos para travar o novo ídolo da Luz. E se a estratégia do Benfica já passaria por dar maior iniciativa de jogo ao Sporting, com o golo ficou ainda
mais confortável.

O Sporting assumiu o domínio territorial, mas foram evidentes as dificuldades para criar situações de perigo na primeira parte. Mais pragmático, a explorar as saídas rápidas e os lances de bola parada, o Benfica ainda teve um remate perigoso de Diogo Gonçalves travado por Adán, para além de um golo anulado a Otamendi.

VERÍSSIMO DEU ORDEM PARA FECHAR, BENFICA ACABOU A MARCAR
Esperavam-se mudanças do lado leonino, sobretudo se pensarmos no rendimento recente de Marcus Edwards,
em contraste com Pote, mas Amorim optou por não mexer logo ao intervalo. Ainda assim, depois de um remate de Everton que saiu a centímetros do poste, o Sporting teve uma bola no ferro, por Sarabia.

As entradas de Ugarte, Slimani e Edwards intensificaram a pressão do Sporting, até porque alguns elementos do Benfica começavam a revelar desgaste (Diogo Gonçalves, por exemplo), mas o Sporting mostrou sempre desacerto no último terço.

Fiel à sua marca, Veríssimo procurou refrescar a equipa sem baralhar as referências. A estratégia, que
passou até por lançar André Almeida e Gil Dias para fechar as alas, saiu melhor do que a encomenda: o esquerdino acabou por fazer o 2-0 do Benfica, ao minuto 90+3. O Benfica deixa as contas do título praticamente arrumadas, a favor do FC Porto, mas alimenta também a esperança de chegar ao segundo lugar e ter acesso à Liga dos Campeões. Se não o conseguir pode sempre fazer contas aos milhões que Darwin promete.