Os Romeiros do Quebec Estão De Volta!

Após três anos de interrupção devido à pandemia, os romeiros do Quebeque voltaram à estrada para cumprir aquele que é para mim o mais comovente testemunho de fé da Quaresma.
Esta prática peregrina nasceu como resposta aos terrramotos de 1522 que soterraram Vila Franca do Campo. Reza a lenda que enquanto o povo caminhava rezando a Nossa Senhora e visitando as suas casinhas que a terra não tremia. A tradição Micaelense que leva peregrinos a percorrem durante oito dias entre trinta a quarenta quilómetros por dia, aqui decorre num só dia, na sexta-feira santa. A romaria no Quebeque foi fundada no dia 1 de Abril de 1988 pelos irmãos: Domingues e Manuel Luís, José Teixeira e Antonio Benfeito. Trinta e cinco anos depois é graças à persistência e ao entusiasmo de dois jovens que a romaria não permaneceu imóvel mais um ano. Miguel Amaral de 19 anos é o novo Mestre dos romeiros do Quebeque e o mais jovem de sempre, mas não esteve sozinho pois teve a seu lado o contramestre Jerry Arruda, ambos orientados por Duarte Amaral que foi mestre durante nove anos e é romeiro há trinta e dois anos.
Este ano na vanguarda do rancho estiveram Jason Medeiros o “menino da cruz”, na retaguarda Antonio Moniz o “procurador das almas” e no entremeio homens e mulheres de todas as idades, avôs, pais, filhos e netos. No total fomos setenta portugueses que unidos na fé percorremos cerca de vinte e três quilómetros contra um vento nórdico implacável. Com os guias Marco Medeiros e Michael Arruda caminhamos cantando à Virgem Maria para que nos perdoasse os nossos pecados e os pecados de outrem. Suplicamos a misericórdia de Deus e rezamos pelas intenções que nos foram confiadas. Segundo o meu relógio demos cerca de 34236 passos entre a igreja de Nossa Senhora de Fátima de Laval, ponto de partida da romaria e a chegada à igreja Santa Cruz em Montreal, parando por várias igrejas pelo caminho para cantar e rezar.
O mestre e contramestre partilharam as orações e cantorias com Danny Rebelo, Duarte Amaral e Johnny Arruda.
Antonio Moniz o “procurador das almas” marcou nos terços que levou ao pescoço a conta dos pedidos de orações em Avé Marias e Pai Nossos pelos quais nós romeiros rezamos durante a caminhada. No fim da romaria e depois das contas feitas coube a cada romeiro rezar em casa, um terço de Avé Marias.
Três veículos acompanharam o rancho garantindo a segurança dos romeiros: os irmãos João Rebelo, Joaquim Prates e José Manuel Silva fizeram um trabalho espetacular ao impedirem o trânsito nas encruzilhadas.
Os responsáveis agradecem a todos os irmãos que participaram na organização da romaria, aos benfeitores e aos colaboradores que ajudaram de uma maneira ou outra para que esta manifestação de fé e devoção fosse possível.
Obrigada também ao irmão Humberto Cabral pelas fotografias e pelos videos, que permitiram a quem não conseguiu ir na romaria, acompanhar a mesma através dos diretos no Facebook.