Palmas para a Ribeira Grande

A Ribeira Grande foi elevada à categoria de cidade a 29 de Junho de 1981, faz agora precisamente 40 anos. O cronista Gaspar Frutuoso, descreve a vila que serviu como «nobre com seus moradores, rica em suas terras, bem assombrada com seus campos e fértil com seus frutos, está situada de aquém e de além de uma grande ribeira, de que ela tomou o nome, quase no meio da ilha, em uma grande baía da banda do norte, ao pé de um serra muito fresca mas, veio depois em tanto crescimento, que é agora a maior vila, mais rica e de mais gente que há em todo este Bispado de Angra».
A sua riqueza patrimonial, ao nível da arquitetura, civil e religiosa, com exemplares que se vislumbram em cada esquina dos seus arruamentos nobres e senhoriais, fazem da Ribeira Grande um conjunto urbano construído de características únicas, e dele são exemplo as igrejas de Nossa Senhora da Estrela, Nossa Senhora da Conceição, da Misericórdia ou do Espírito Santo, dos Frades e ainda os Paços do Concelho e os solares do Botelho e de S. Vicente Ferrer.
Luís Bernardo Leite Ataíde, perante a monumentalidade do património construído, considerou a Ribeira Grande como a «Vila seiscentista de São Miguel», epíteto derivado das características das suas belas moradias, nobres ou simples, com as suas soberbas janelas de avental, encimadas por fusos e suásticas, os óculos, que iluminam escadas interiores e as varandas como aspetos significativos e únicos. Estas características também se podem encontrar espalhadas no meio rural concelhio.
A janela manuelina com o seu friso renascentista do século XVI, um belo exemplar existente no edifício da antiga Biblioteca Municipal, o Museu do Arcano Místico, obra de Madre Margarida do Apocalipse, e o fontanário do século XVI, na Ribeira Seca, são alguns dos pontos de visita obrigatória na cidade.
É a terceira mais populosa cidade do arquipélago dos Açores, cujas belezas naturais constituem um excelente cartaz turístico. Aqui se situam as paradisíacas Lagoas do Fogo e de S. Brás e as manifestações vulcânicas das Caldeiras da Ribeira Grande e da Caldeira Velha – um autêntico monumento paisagístico de grande interesse científico e turístico, onde se pode usufruir da famosa cascata de água quente férrea com piscina. Destacam-se ainda os miradouros do Palheiro Santa Iria, dos Frades do Tio Domingos e adro Nossa Senhora do Rosário de Rabo de Peixe e os seus numerosos trilhos, muito apreciados pelos naturais e visitantes.
O areal de Santa Bárbara– a maior praia da ilha – é um dos locais mais procurados no roteiro da prática do surf e o dos Moinhos (Porto Formoso) são muito frequentados para lazer no período estival. As piscinas das Poças transformaram-se num moderno complexo balnear muito apreciado pelos forasteiros.
A cultura assume no concelho manifestações diversificadas, que são a marca da tradição peculiar que identifica a maneira de ser e de estar dos ribeiragrandenses. O cantar às estrelas, as cavalhadas de S. Pedro e o dos balhos dos Pescadores, de Rabo de Peixe, por ocasião das festas do Divino Espírito Santo, constituem manifestações etnográficas de grande interesse, num misto de religiosidade e folclore.
De realçar a intensa atividade cultural levada a cabo na Casa da Cultura da Ribeira Grande, no Museu Vivo do Franciscanismo no antigo convento o Hospital da Santa Casa da Misericórdia que é responsável pela realização da singular procissão do Senhor Santo Cristo dos Terceiros, bem como no Museu da Emigração Açoriana, no Teatro Ribeiragradense, construído em 1920 por um grupo de cidadãos, liderados por Ezequiel Moreira da Silva e reaberto ao público em 5 de Maio de 2000, completamente renovado, quando era presidente António Pedro Costa. Tratam-se de polos irradiadores de cultura, com inúmeras iniciativas, dinamizando atividades como o teatro, a música, exposições e conferências.
Por outro lado, o Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas é um projeto arquitetónico e artístico, que se assume como uma referência cultural dos Açores dentro e fora da Região e pretende fomentar a criação, a produção e a difusão de arte contemporânea, através das artes visuais e performativas, multimédia, cinema, música, arquitetura, design, ilustração, literatura e moda.
No concelho concentram-se as principais indústrias da Região, como os lacticínios, a construção civil, as pescas e a produção de energia térmica e geotérmica. Refira-se ainda como principais atividades empresariais do concelho, a produção do chá, do tabaco e do afamado licor de maracujá
Com o seu passado de glória, o seu património cultural, a sua vitalidade económica, o concelho da Ribeira Grande é, no contexto açoriano, um pólo de desenvolvimento muito importante.