Da Perceção à Certeza

Na tarde deste sábado, tive a oportunidade de acompanhar o excelente programa, GPS, moderado por Farred Zakaria, e em que foi entrevistado o histórico jornalista norte-americano, Bob Woodward, que deu à estampa, recentemente, a sua obra, RAIVA, suportada em quase uma vintena de conversas gravadas com Donald Trump, O Bronco.
A entrevista foi deveras interessante, mostrando uma personalidade civilizada, muito ponderada em quanto foi expondo, sem nunca mentir – é um apanágio seu –, pela qual pude confirmar uma impressão que de mim se apossara quando tomei conhecimento de que Trump, O Bronco, tem uma irmã, juiz federal jubilada, que em conversa com uma sobrinha sua – e de Donald – contou do irmão Presidente o pior que possa conceber-se.
Perante toda esta conversa, pouco depois de a ter escutado, ocorreu-me esta impressão, um pouco com ares de certeza: provavelmente, o Trump, sendo Presidente, nomeia todos os juízes federais, desde a primeira instância, aos 12 tribunais de apelação, e como se sabe, também os do Supremo Tribunal Federal… E concluí para comigo: só se fala dos do Supremo Tribunal Federal, mas é provável que nomeie todos os juízes dos tribunais federais… Em todo o caso, não procurei esclarecer esta minha impressão.
Pois, na tarde deste sábado, tive a oportunidade de ficar a saber que aquela minha impressão deverá estar certa, porque Bob Woodward referiu, a dado passo, que Trump, O Bronco, já nomeou, até agora, cerca de 300 juízes. A ser assim, terão de ser juízes federais, porque os estaduais serão escolhidos ao nível de estruturas do Estado em causa.
De tudo quanto se tem podido ver e saber, o que isto mostra é que o Presidente dos Estados Unidos, de facto, possui o poder total, tal como Trump, O Bronco, salientou aos jornalistas que o questionavam em certo briefing na Casa Branca: o meu poder, como Presidente, é total. Ou seja e de um modo sintético: ele dita o que quiser e a quem quiser, ou seja, é um ditador objetivo.
E foi igualmente interessante a manhã desta passada sexta-feira, conversando num café que frequento, com a mãe de certo oficial da nossa Marinha, porque ao referir que os Estados Unidos não são e não foram nunca uma democracia, dela recebi esta concordância: nunca foram uma democracia! E logo juntou: conheço bem como aquilo funciona…
Claro está que toda a gente mais atenta conhece esta realidade, em muitos casos desde há décadas, mas a verdade é que tais energúmenos intelectuais continuam a olhar o que vem dos dirigentes americanos como a voz do dono. Uma triste e revoltante figura. Como ontem escrevi, vivemos orgulhosamente dependentes, mas democraticamente. Ah, sim, éu quér’ápláudirr!