Durante a reunião, Fernández de Cossío reiterou à secretária de Estado Adjunta para Assuntos Consulares, Rena Bitter, e ao diretor dos Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos, Ur Mendoza Jaddou, “a importância de retomar plenamente os serviços consulares e de imigração na embaixada dos Estados Unidos em Havana”.
O governante cubano também confirmou “a abertura para contribuir com as medidas necessárias para o pleno funcionamento dos serviços migratórios e consulares”, explicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros cubano em comunicado.
Bitter e Mendoza viajaram para a ilha para abordar o restabelecimento completo do processamento de vistos de imigração no início de 2023 e a recente retoma do programa de reunificação familiar para cubanos na Embaixada dos EUA, destacou o Departamento de Estado quando anunciou esta visita. Este encontro ocorre numa altura em que se regista um êxodo em massa de cubanos, principalmente para os Estados Unidos. No ano fiscal passado, entre outubro de 2021 e setembro de 2022, registou-se um número recorde de migrantes irregulares em geral — e de cubanos em particular — que chegaram à fronteira sul dos Estados Unidos.
A migração tornou-se uma questão fundamental na política nacional norte-americana.
Naquele período, foram processadas as tentativas de entrada 224.607 migrantes cubanos, segundo o Departamento de Alfândega e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês).
O Governo dos EUA emitiu no ano fiscal passado 23.966 vistos a cubanos e, pela primeira vez desde 2017, cumpriu o acordo bilateral de migração de 1994, que prevê a entrega de um mínimo de 20.000 vistos por ano aos cidadãos da ilha. O Governo cubano culpa Washington pela migração irregular de cidadãos cubanos, quer pelo incumprimento do acordo bilateral, quer pela vigência da Lei de Ajuste Cubano de 1966, que permite aos cubanos solicitar residência permanente nos Estados Unidos após um ano e um dia de permanência naquele país.
O fluxo crescente de cubanos já tinha marcado o diálogo bilateral sobre migração em abril, que decorreu em Washington, um outro mecanismo reativado pelo Governo Biden que tinha sido suspenso em 2018 por Donald Trump.
O Governo norte-americano tomou várias medidas nos últimos meses para avançar na normalização da questão migratória, como o aumento gradual dos seus serviços consulares na ilha e o restabelecimento de um programa de reunificação familiar, suspenso desde 2017.
Cuba atravessa uma grave crise económica devido à combinação da pandemia de covid-19, o endurecimento das sanções dos EUA e erros internos na gestão macroeconómica.
A atual situação levou a uma grave escassez de produtos básicos, apagões de energia diários e uma espiral inflacionária, que tem levado muitos cubanos a deixar o país.