D10S foi ter com Deus

O Mundo está em choque! Diego Armando Maradona, um dos mais geniais jogadores da história do futebol, morreu sábado aos 60 anos. Aquele que ficou conhecido como ‘D10S’ foi vítima de uma paragem cardiorrespira-tória, quando se encontrava em sua casa, em Tigre, norte da capital argentina, Buenos Aires.
Ma-radona passou à imortalidade precisamente no dia em que se completaram quatro anos da morte de Fidel Castro, líder histórico cubano de quem era admirador (inclusive, tinha uma tatua-gem dele), e 15 de George Best, extremo norte-irlandês que se notabilizou ao serviço do Man-chester United. Operado a um hematoma na cabeça dia 4 deste mês, Maradona teve alta a 11. Ontem, começou o dia com a sua habitual caminhada matinal. No regresso a casa, a equipa de especialistas que o acompanhava (um psicólogo, uma psiquiatra e uma enfermeira) percebeu que havia algo de errado quando o antigo médio-ofensivo não se levantou para tomar a medicação. Para sua casa, foram deslocadas quatro ambulâncias. Apesar da prontidão do socorro, já não havia nada a fazer: Maradona estava morto. De acordo com o procurador-geral de San Isidro, o óbito foi declarado às 12h00 locais, 15h00 em Portugal continental. Segundo a mesma fonte, não foram de-tetados vestígios de violência ou criminalidade, sendo que a autópsia serviria para determinar a causa da morte. Nos últimos dias, já muitas pes-soas se tinham concentrado nas imediações da casa de ‘El Pibe’, algumas acampadas, preocupa-das com o seu estado de saúde. Sábado, assim que a notícia correu Mundo, houve ajuntamentos no estádio do Argentinos Juniors, seu primeiro clube, e ao fogo de artifício, petardos e ‘very-lights’ em Nápoles, onde foi rei. Mais do que chorar a morte de Maradona, o Mundo celebrou a vida de ‘El Pi-be’. O corpo foi na sede do governo argentino, num velório de 48 horas, e as autoridades estimam que um milhão de pessoas se despeça do astro. Génio controverso Nascido em Lanús, a sul de Buenos Aires, a 30 de outubro de 1960, Maradona foi um dos mais brilhantes futebolistas de sempre, atingindo um patamar apenas ao alcance de poucos. Além de ter levado o Nápoles à glória, conduziu a seleção argentina à vitória no Mundial’86. Na história ficaram os dois golos à In-glaterra, a 22 de junho daquele ano: primeiro, marcou com a mão; depois, desenhou uma obra-prima no relvado do Estádio Azteca, percorrendo 60 metros, passando por cinco adversários, antes de bater Peter Shilton. “Marquei um pouco com a cabeça e um pouco com a mão de Deus”, diria, no final. A carreira – chegou a cruzar-se com o Sporting na Taça UEFA de 1989/90 – nem sempre esteve no alto. Pelo contrário. Foram co-nhecidos os seus problemas com a droga, que valeram uma suspen-são de 15 meses entre 1991 e 1992, quando jogava no Nápoles. E, também, o afastamento prema-turo do Mundial’94, por doping, onde realizou o último jogo pela Argentina. Mais tarde selecionador (co-mandou a alviceleste na África do Sul), Maradona não deixou nin-guém indiferente, pelas suas po-sições controversas. Partiu para a eternidade, num 25 de novembro negro (RECORD)