Isto não é um conto de Natal (2)

Reuniões mensais, na média de 3 horas, (Mário! estás a ouvir?) para atender às necessidades da Missão, manutenção, reparações, renovações; outras reuniões de preparação para as tão importantes festas : Espírito Santo, Senhor da Pedra, Primavera, Festa Branca, Padroeira, Ás Estrelas, do Milho, Convívio, e outros eventos, reuniões estas que davam origem a outras reuniões com os diversos implicados na execução delas, tudo isto fazendo parte das tarefas do C.E. que prepositadamente o “mal amanhado” do Mário se esqueceu de me informar. Mas este grupo, agora liderado por um outro “presidente”, que soube como reunir um grupo disfuncional mas unido, desorganisado mas eficaz, diferentes ideias e talentos, mas sempre com um objectivo comun: o bem da Missão de Nossa Senhora de Fátima de Laval.
O ano decorreu relativamente bem, considerando que felizmente pudemos contar com a colaboração de muitos voluntários que nos ajudaram na preparação e execução das festas principais e tantos outros eventos sociais que tão necessários são para o financiamento das despesas correntes. No entanto há que mencionar a partida do padre, deixando a comunidade desamparada, pois todos os esforços da diocese para encontrar um substituto foram em vão.
Esta partida, não foi uma surpresa, pois já algum tempo que os rumores se tinham instalado na cúria. Mas não deixou de ser um murro no estomago vazio dos seus fieis seguidores, pois abandonar a Missão e com ela a liderança espiritual do rebanho, pelo qual, com bastante amor e dedicação se tinha empenhado, não foi fácil de digerir. Por um lado porque ele dizia ter esta comunidade em grande estima, mas por outro, porque não esperar por um substito e partir depois como faz um bom pastor?
Motivos de saúde foi a razão invocada?
Nada é mais importante que a nossa saúde, mas seria só essa a única razão?
Cada um sabe de si e Deus sabe de todos, diz o povo, mas abandonar uma comunidade pela qual durante tanto tempo (13 anos?) se tinha dedicado, corpo e alma e ir continuar a sua caminhada numa paróquia vizinha onde tantos desafios o esperavam, não corresponde, a meu ver, com uma condição de saúde precária. Sem pastor em vista na sua antiga malhada , era evidente que um certo numero de praticantes (religião e lazer) o seguiriam facilitando pelo mesmo facto, a sustentabilidade do seu novo projecto. Pessoalmente sou da opinião que esta mudança, mesmo num contexto de saúde, ou falta dela, foi de um oportunismo lamentável que em nada enalteceu o pastor nem as ovelhas.
Outro facto curioso foi o conteúdo da sua última homilia, depois de nos emocionar a todos com os sinceros votos de despedida e de boa sorte para o futuro da Missão e da comunidade, quando a meu ver, era o momento ideal para nos convidar a sermos fortes e unidos, foi o momento que o sr.padre ousou qualificar os membros da comunidade, como uma amoreira (silva) carregada de amoras saborosas, mas também de muitos espinhos perigosos. A emoção parece ter dado lugar á frustração:
É ou não é ?…
Continuamos sem saber que grupo da comunidade pertence ás tão saborosas amoras e quem pertence ao outro. O certo é que estes comentários não foram de interesse nenhum para um discurso final que até ali tão boas recordações deixava. Mas o Sr. Padre lá tinha as suas convições e certamente que sentia a necessidade de “despejar o saco” antes da partida.
Finalmente, depois de uma longa caminhada no deserto, bem servida por diversos padres que daqui e dali brotavam à mercê da disponibilidade, a comunidade celebrou alegremente a chegada do padre Aldo Xavier. Como diz o velho ditado “Quem espera sempre alcança”.
No final do Ano 2019, fez-se um pequeno resumo dos projectos realizados: À parte a realização de todas as festas, sem esquecer a ajuda de tantos benévolos da comunidade, concretizaram-se vários projectos, entre eles o de mais importância que foi: A renovação das casas de banho principais, reparação do palco do salão, arranjo completo do espaço de preparação das carnes na cave, sustituíção dos aquecedores e termostatos da igreja, instalação do sistema de projeção em video na igreja, repatriação do boletim semanal, compra de novo equipamento para recolha da loiça suja após as refeições, reparação e pintura da residência do padre. Todos estes projectos foram realizados graças aos dons que a Comunidade já há muito tempo tinha vindo a contribuír generosamente.
Pelo caminho ficaram: Calfeutragem das janelas e portas da igreja e centro comunitário, reparação do piso da igreja, instalação de ventiladores no tecto da igreja, criação de um novo mecanismo para a contabilidade de eventos profanos, afim de evitar que o produto destas seja isento de pagamentos á diocese. Se bem que estes projectos tenham ficado pelo caminho, haverá certamente possibilidade de os incorporar num futuro plano de ação e proceder à sua realização.
Como é inevitável, nem tudo corre sempre bem, no melhor dos mundos: assistimos desamparados e impotentes à destruíção do Parque Pedro Silva e à demolição do simbólico Coreto.
Um projeto de construção de uma nova escola no espaço ocupado pelo parque, foi a causa desta perca de um valor histório e cultural inestimável.
Mas pensar que nos contentariamos de contristar este desaparecimento, sem nada fazer, era mal conhecer-nos. Uma vez remetidos deste choque emocional, pedimos uma reunião com a defunta Comissão Escolar de Laval e simultaneamente com o “maire” de Laval, Sr. Marc Demers e com a vereadora do nosso sector Sra Aline Dib. Foi com peso e medida que o grupo do C.E. explicou a estes senhores e senhoras o despreso que demonstraram à comunidade portuguesa de Laval pela decisão unilateral que tinham tomado. Fomos bem acolhidos, apesar de tudo, pelas duas distintas entidades logo na primeira reunião. Pudemos constatar nas duas personalidades a ignorância total sobre as origens deste parque, projecto onde essas mesmas entidades se tinham envolvido e contribuído para a sua construção. Portanto os documentos legais estavam à sua disposição tanto nos nossos arquivos como nos arquivos da Camara de Laval e certamente na Comissão Escolar. Ouso crer que atendendo ao facto que o terreno lhes pertencia, tinham simplesmente concluído ter o direito de fazer o que quisessem. Legalmente até tinham razão, mas moralmente também tinhamos uma palavra a dizer, pois não é pelo facto de o meu carro estar estacionado no terreno do vizinho que este tem o direito de o destruír. Pelo menos eles assim o compreederam. Seguiram-se várias outras reuniões e os representantes da Lusa gente não vergavam nas suas revendicações: ou outra pergola ou compensação! O bom senso e também o desejo de manter boas relações com a nossa comunidade acabou por prevaler. Afinal de contas tudo o que pediamos era aquilo a que estávamos convencidos ter direito. Temos hoje a confirmação verbal das altas autoridades do Centro de Serviços Escolares, entidade que substituiu a antiga Comissão Escolar, que antes do termo da construção presentemento em curso, um Coreto (Pergola) não idêntico ao que foi demolido, será construído no nosso terreno sem custo para a Missão, e benificiaremos no futuro de outros previlégios associados a este acordo.
Até p’ra semana…